Durante o Fórum Social Mundial, entrevistamos Sammi Alaa, membro da Aliança Patriótica, e que, desde o exílio, participa da Resistência Iraquiana à ocupação imperialista no país. Reproduzimos aqui um trecho sobre sua opinião a respeito das exigências de Opinião Socialista – Muita gente já disse que o Iraque é o Vietnã do Bush e, em muitas partes do mundo, o movimento antiguerra levanta a palavra de ordem “paz” como a maior reivindicação para o Iraque. O Iraque pode ser o Vietnã de Bush e qual é a sua posição sobre a exigência de “paz”?

Sammi – Depois de dois anos, nós temos uma conclusão clara. O imperialismo norte-americano foi derrotado no Iraque, particularmente desde o ano passado, durante a primeira Batalha de Falujah. Naquela batalha a resistência iraquiana teve êxito ao derrotar militarmente o imperialismo. Foi a primeira derrota militar imperialista desde a guerra do Vietnã. Teve um general que, em maio, foi entrevistado por um grupo de jornalistas em seu apartamento em Nova York sobre a situação no Iraque. Ele relatou: “Todo dia, depois de Falujah, em abril, toda vez que eu durmo eu sonho com a letra ‘V’”. Os jornalistas disseram: “Está tudo bem, então, ‘V’ é a letra da vitória”. E ele respondeu: “Não, ‘V’ é Vietnã”. (…)

Quando nós falamos de paz, nós dizemos: ‘É óbvio, nós precisamos de paz, ninguém está feliz com a guerra, ninguém está feliz com os massacres’. Mas veja, nós aprendemos através da história que nenhuma força de ocupação jamais deixou o território ocupado voluntariamente. A experiência destes dois anos de resistência à ocupação no Iraque, com pessoas boicotando todas as instituições, e os norte-americanos insistindo em manter a ocupação nos mostra que é uma ilusão pensar que é possível liberar o país por meio de negociações, por meio de uma solução pacífica. O maior grupo xiita tentou fazer isso durante todo um ano, entre o início da ocupação, em março de 2003 e janeiro de 2004. Tentou essa forma de solução pacífica para livrar-se da ocupação, mas não conseguiu nada. E então se juntaram à Resistência à ocupação. Há uma confusão dentro do movimento pacifista contra a guerra. Há pessoas que não conseguem fazer uma distinção entre uma guerra de libertação, uma luta por libertação, e uma forma de luta pacífica. A luta por libertação precisa de resistência armada”.
Post author Por Wilson H. Silva, da redação
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