Após realização do Plebiscito Nacional sobre o REUNI, é hora de ir ao Encontro Nacional para organizar as lutas e discutir os rumos do movimento estudantilNo dia 2 de julho centenas de estudantes irão se reunir em Betim (MG), para a realização de um grande Encontro Nacional de Estudantes. O Encontro está sendo organizado por uma comissão aberta e é convocado por importantes entidades de todo o país, como os DCEs da UFRJ, UFMG, UFSC, UFJF, UNESP e a Executiva Nacional de Estudantes de Letras. A expectativa é reunir mais de mil estudantes e dezenas de entidades.

A necessidade do Encontro surgiu a partir de lutas realizadas desde a ocupação da reitoria da USP e que continuam ocorrendo, como demonstrou a ocupação da UnB.
É no calor dessas lutas que está surgindo um novo movimento estudantil. E é da necessidade de organizar esse novo movimento estudantil nacionalmente que surgiu a idéia de organizarmos um encontro. Um evento que possa organizar a luta e avançar na construção do novo.

O novo movimento estudantil precisa de um instrumento de luta
A União Nacional dos Estudantes, longe de ser um instrumento para organizar estas lutas, se transformou num cão de guarda das políticas do governo. Por isso, é necessário avançar na construção de uma ferramenta capaz de organizar de maneira democrática, anti-burocrática e pela base os estudantes.

A Frente de Luta buscava cumprir este papel de avançar na organização das lutas. Entretanto, ela tem demonstrado suas limitações. O uso do consenso para a prática do veto pelas correntes e a sua falta de organicidade impediram, por exemplo, que a Frente organizasse o Plebiscito ou mesmo uma jornada nacional alternativa a da UNE, nos 40 anos da morte de Edson Luís. Está claro que, para que a Frente cumpra seu papel, ela precisa avançar, tornando-se uma alternativa de luta à UNE.

Infelizmente, nem todos participantes da Frente tem essa opinião. Alguns, como setores da esquerda da UNE, consideram que o movimento estudantil não precisa construir uma alternativa a entidade governista. Conclui, então, que a Frente tem que ficar como está.

Por isso se recusaram a organizar uma jornada nacional da Frente. Ao invés disso, propuseram que a Frente participasse da jornada da UNE. Por isso, estes setores foram contra o Plebiscito Nacional sobre o REUNI, desarmando a Frente na luta contra o ataque do projeto. E também é por isso que esses grupos esvaziam a Frente.

A última reunião nacional da Frente, por exemplo, não ocorreu porque o DCE da USP, responsável pela sua convocação, simplesmente não a fez. Vale lembrar que este DCE até agora não convocou uma única reunião da Frente de Luta na USP.

Mas por que estes setores estão desmontando a Frente? Por que eles não querem que ela avance? Porque sabem que se a Frente avança, se ela se torna mais orgânica, constrói campanhas como a do plebiscito, junto aos CA’s DCEs, etc, ela pode avançar e se tornar uma alternativa a UNE. Não necessariamente uma nova entidade, mas um ponto de apoio importante para luta.

Consideramos a postura destes companheiros profundamente equivocada. Entretanto, achamos fundamental seguir construindo a Frente com todos. Vamos continuar organizando as reuniões nacionais e os comitês de base, propondo campanhas e ações e vamos construir a unidade na luta sempre que os companheiros estejam dispostos. Ao contrário destes setores temos a consciência tranqüila de estar depositando todos os nossos esforços na construção da Frente. Vamos seguir assim.

Organizar as lutas e avançar no novo
Por outro lado, não podemos esperar a vida inteira pelos companheiros da esquerda da UNE para construir uma alternativa à UNE. O ideal é que a Frente se torne, gradativamente, esta alternativa. Mas isso não vai acontecer, porque estes companheiros não vão permitir.

Diante deste fato, acreditamos ser fundamental que os lutadores que querem construir uma alternativa a UNE avancem neste debate. Não apenas em reuniões nacionais, mas também na base do movimento. Opinamos que esse processo deva culminar em um congresso democrático e de base que aprove a construção de uma nova entidade. Mas para nós, o fundamental é que a discussão e o debate sejam realizados. Por isso, achamos prematuro que o Encontro Nacional aprove uma nova entidade ou algo neste sentido. O fundamental é que o Encontro seja mais um espaço para organizar as lutas e acumular no debate da reorganização. Antes, durante ou depois do Encontro esse debate deve avançar entre os estudantes e suas entidades.

Não se trata de definir já uma nova entidade ou algo do tipo, mas sim que passos podemos dar para avançar na organização de uma alternativa. Discutir como ela deve funcionar como podemos levar isso para as entidades, assembléias e encontros de área. Em outras palavras, como começar a organizar o novo movimento estudantil e suas lutas nacionalmente São essas questões que o Encontro se esforçará para começar a responder.

Um Plebiscito que concretizou as tarefas da Frente

Na última semana de maio e primeira de junho foi realizado o Plebiscito Nacional sobre o REUNI. O Plebiscito foi uma iniciativa aprovada em vários DCEs como o da UFRGS, UFRJ, UnB, UFMG, UFPR e etc. Infelizmente a Frente de Luta não organizou o Plebiscito, pois a maioria da esquerda da UNE não queria realizá-lo. Apesar disso, o Plebiscito cumpriu um importante papel em concretizar as tarefas da Frente para o próximo período, dialogando com milhares de estudantes e fortalecendo o apoio para as campanhas contra o REUNI, a ausência de democracia na universidade e as fundações estatais de direito privado. Ainda não chegaram todos os informes com resultados, mas os votos passam de 30 mil. Certamente, o Plebiscito vai ajudar nas lutas que temos pela frente. E poderia ter cumprido um papel superior se os companheiros da esquerda da UNE não o boicotassem.

Post author Emiliano Soto, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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