A estudante Camila Lisboa, do PSTU e da Comissão Executiva Nacional da ANEL-Livre, está na Argentina acompanhando as mobilizações estudantis naquele país. Leia o relato da companheira ao blog da ANELDia 13 de setembro foi dia de assembleias importantes no prédio de Filosofia e Letras da UBA e também no prédio de “Sociales”. As duas assembleias foram praticamente concomitantes, por isso, acompanhei mais a de Sociales, por onde passei por último.

Mas antes de falar dessa assembleia, preciso relatar a polarização estabelecida no prédio de Sociales, a partir da organização do kischnerismo, que é a maior parte dos decanos e dirigentes do prédio.

A assembleia juntou cerca de 1000 estudantes do Centro, e o que havia sido definido era que, antes de iniciar a assembleia, a comissão que pesquisaria a demanda de investimento em educação iria apresentar um vídeo mostrando o que conseguiram acumular. Um vídeo muito interessante, que mostra que basta uma opção política em favor da educação, que ela pode melhorar. Ocorre que antes de passar o vídeo, um grupo bem minoritário de docentes e estudantes começou a reivindicar que não tivesse vídeo e que a assembleia partisse para votação.

Diante do impasse, se votou se a assembleia queria ver o vídeo. Essa votação demonstrou a correlação de forças do fórum e revelou que os representantes do governo K eram minoria da minoria, e que a ampla maioria queria o vídeo, a ocupação, a luta, prédios melhores e mais verbas.

Foi nesse clima tenso e polarizado que saudei a assembleia pela ANEL e denunciei a postura dos kischneristas, lembrando que no Brasil, em muitas ocupações também tivemos de enfrentar posturas como essas, de setores governistas que se escondiam atrás dos discursos sobre falta de democracia para destruir as lutas que se enfrentavam com o governo. Também disse que a forma como devemos enfrentar isso é garantindo que essa forte luta que se desenvolve na Argentina seja articulada com todos os setores em luta, e contei que estive em Paraná Metal no domingo que passou. A turma tem recebido muito bem a solidariedade internacional.

Logo depois, fui para o prédio da Sociales, que também organizou uma assembleia bem grande, 1000 pessoas também, mas esta com menos polarização. Nela se definiu além da continuidade das “tomas” (ocupações), uma série de atividades e iniciativas importantes para desenvolvimento da luta, como uma grande organização para a marcha do dia 16 de setembro, uma paralizaçao nacional de 24 horas para semana que vem e a constituição de uma comissao que vai negociar as reivindicações dos estudantes com a diretoria do prédio.

Durante a Assembleia de Sociales nos foi informado o resultado da assembleia de Fylo e ficamos sabendo que a ocupação seguia e que os kischneristas tiveram de se contentar com uma reuniãozinha de 20 pessoas falando mal da ocupação (esperavam que tivessem mais respaldo, mas se deram mal). Também na Assembleia de Sociales a ANEL mostrou sua presença, o que novamente foi muito recebido por todos e todas.

Neste dia, foi possível ver como é justa a reivindicação pelos prédios. É impressionante a condição física dos prédios, os banheiros, as salas de aula, é lamentável ver como os 300 mil estudantes da UBA conseguem estudar nessas condições. A intransigência estudantil é justa e necessária. Que se sigan las tomas!

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