No dia 18 de julho, diretores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e militantes da Articulação Sindical (corrente majoritária na CUT) agrediram fisicamente servidores públicos que – em greve – tentavam realizar uma manifestação contra a reforma da Previdência, por ocasião da presença do ministro Antonio Palocci, que faria palestra no congresso daquela entidade.

Os manifestantes foram impedidos, de forma truculenta e antidemocrática, de se manifestarem pacificamente na rua que dá acesso ao sindicato. Faixas foram rasgadas, mulheres ameaçadas e o servidor da Justiça Federal, Antonio Correia, teve o nariz fraturado e foi hospitalizado.

No dia seguinte, os jornais de São Paulo estampavam a foto do grevista ensanguentado e dos agressores, que são do sindicato ao qual pertence o presidente da CUT Luiz Marinho. Braizan é diretor e Dirceu é assessor da sub-sede de Diadema e da Articulação.

Os servidores tentavam simplesmente protestar contra a “reforma”, estendendo faixas – do Sindicato e Federação da categoria (filiados à CUT, diga-se de passagem) – em frente ao sindicato para esperar a chegada do ministro.
É totalmente inusitado e completamente inaceitável que membros de uma corrente interna da CUT e diretores de sindicatos cutistas agridam trabalhadores que estão em greve defendendo seus direitos. Pior, que os agridam para defender um ministro de Estado e para defender um governo que quer eliminar o direito destes trabalhadores para satisfazer os acordos que fez com o FMI.

É essa a autonomia da CUT em relação ao governo com que se comprometeu a Articulação no recente congresso da Central? Não faz jus à história da nossa Central, nem à gloriosa história de luta dos metalúrgicos do ABC que militantes e dirigentes do sindicato da categoria sejam usados como tropa de choque contra trabalhadores que lutam por seus direitos. Mais grave ainda quando isso ocorre no sindicato de onde é oriundo o presidente da CUT.

O atual presidente do sindicato, José Lopez Feijóo, declarou que a entidade “não teve nada a ver com isso”. Mas, não se trata só do depoimento dos servidores agredidos. As fotos provam: os agressores são do sindicato.

É necessário e urgente que a Executiva Nacional da CUT desautorize e repudie essa agressão e exija uma retratação da diretoria do sindicato do ABC, sob pena de, não o fazendo, criar uma situação extremamente delicada no interior da Central. Não há nenhuma possibilidade de aceitarmos que um fato dessa gravidade possa passar em brancas nuvens.

Da mesma forma, todos os sindicatos filiados à Central devem manifestar-se em solidariedade aos trabalhadores agredidos, repudiando o ataque, e hipotecando total apoio à greve em curso dos servidores federais contra essa reforma da Previdência que o governo Lula quer aprovar no Congresso Nacional. Apoio total à greve que, aliás, é a atitude que precisa adotar o setor majoritário da direção da CUT, de uma vez por todas, somando-se ao esforço do Comando Nacional Unificado de Greve, no sentido de ampliar a paralisação e de intensificar as manifestações de rua.
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