Abril de 1986. Um reator da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu e liberou uma imensa nuvem radioativa contaminando pessoas, animais e o meio ambiente.

Na época, o regime stalinista da União Soviética ocultou da população as reais consequências do desastre. Até hoje, o governo da Rússia trata de esconder o número real de mortes provocadas pela radiação. Chernobyl foi o maior acidente nuclear da história, atingindo o nível 7, o maior e mais grave da escala.

Na época, as potências imperialistas trataram de responsabilizar as “rústicas” e “obsoletas” centrais nucleares soviéticas para ocultar que um acidente nuclear também poderia ocorrer em suas usinas. Prova disso é que anos antes, nos EUA, outro acidente já tinha demonstrado que as usinas do Ocidente não eram assim tão seguras. Em 1979, um acidente na central nuclear de Three Miles Island contaminou rios, a atmosfera e cidades próximas. Até hoje não se sabe quantas pessoas foram vitimadas pelo vazamento.

Uma ilusão que se transforma em nuvem radioativa
Após o colapso da URSS e o advento da globalização, o capitalismo lançou uma grande campanha para promover a energia atômica. Assim como a baboseira sobre a “morte do socialismo” e o “fim das utopias”, afirmavam que a energia atômica poderia trazer uma era de abundancia econômica, desenvolvimento sustentável e lucro fácil. Mas nem mesmo o “alto grau de excelência tecnológica” do Japão provou que esse tipo de energia é seguro.

A energia atômica é qualitativamente superior a todas as outras formas de energia descobertas e aproveitadas pela humanidade. Sem dúvida, é a mais alta expressão do progresso tecnológico e do desenvolvimento das forças produtivas da civilização. No entanto, a energia nuclear é também qualitativamente mais perigosa. Qualquer erro técnico pode resultar em catástrofes irreparáveis que afetam a humanidade em escala mundial, provocando mortes por câncer e defeitos genéticos a longo prazo.

O perigo reside no fato de a ciência não ter conseguido dominar plenamente a energia atômica. Os acidentes de Chernobyl e do Japão mostram o quanto são inseguras as usinas nucleares. Até hoje, por exemplo, cientistas e governos não sabem o que fazer com dejetos radioativos (lixo nuclear) produzidos pelas usinas. A verdade é que nenhum governo, tampouco os monopólios capitalistas, pode oferecer garantias de segurança no uso da energia atômica.

Por outro lado, a maior parte da pesquisa sobre energia atômica é canalizada preferencialmente para o desenvolvimento de armas sofisticadas de guerra, como submarinos e bombas atômicas. Muito pouco de toda a indústria nuclear é dedicada a uso pacífico. Diante do iminente risco de contaminação com radiação e de seu uso militar, os trabalhadores e suas organizações devem defender o fechamento imediato de todas as usinas nucleares.

Não se trata de questionar o desenvolvimento técnico e o avanço científico. Defendemos o desenvolvimento tecnológico nuclear voltado à pesquisa, por exemplo, na medicina, ou à soberania científica dos países contra os monopólios. O que questionamos é seu uso irresponsável, que pode conduzir a civilização à catástrofe.

Nem no Japão nem em qualquer país imperialista (que supostamente detêm uma “infalível e segura tecnologia”) são os povos que decidem onde serão construídas as usinas nucleares, e que tipo de fontes energéticas serão adotadas.

Por isso, os trabalhadores devem se unir às progressivas campanhas de organizações antinucleares e dos ecologistas. Para evitar um desastre atômico é preciso acabar com a utilização irresponsável do imperialismo da energia atômica.

Brasil não está imune à catástrofe

Por mais que o governo se esforce em negar, nosso país também corre risco de sofrer um desastre nuclear. O Brasil possui duas usinas nucleares, Angra 1 e 2, localizadas no litoral sul do Rio de Janeiro.

No entanto, diferentemente do Japão, não são os terremotos que ameaçam a integridade das usinas brasileira, mas os deslizamentos de encostas. As duas plantas de Angra estão situadas entre o mar e as montanhas da Serra do Mar, e a única coisa que as separa da montanha é a estrada Rio-Santos. O solo da região apresenta enorme instabilidade, o que provoca constantes desabamentos. Os trágicos escorregamentos de terra de janeiro de 2010 em Angra dos Reis oferecem uma pálida noção do que poderia acontecer. Em 1985, um deslizamento soterrou laboratórios de Angra 1.

A construção de uma nova usina só vai beneficiar os países detentores do monopólio nuclear. No caso brasileiro, o maior beneficiado será a Alemanha. Hoje há um mercado extremamente promissor para enriquecimento de urânio, que pode ocupar o papel hoje tomado pelos produtores de petróleo.

Por isso, defendemos o fechamento das usinas de Angra e a suspensão da construção de Angra 3. Também somos contra o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que revê o artigo 177 da Constituição, sobre o monopólio do Estado em qualquer atividade nuclear. Com a medida, o governo Dilma Rousseff tenta atrair investidores privados para participar da construção de pelo menos quatro usinas nucleares. Já pensou em empreiteiras privadas responsáveis pela construção de usinas nucleares no Brasil?
Post author
Publication Date