s manifestações contra a visita de Bush no Brasil reuniram milhares de pessoas, mas expressavam o sentimento de muitos mais, de milhões. Existe um repúdio muito amplo ao presidente dos EUA , como figura símbolo do imperialismo. Do imperialismo que impõe a invasão no Iraque, e contra o qual a resistência assume, a cada dia, mais coincidências com o Vietnan.

Mas o imperialismo não está aqui presente só na figura de Bush. Vive e se impõe pela política econômica do governo, pela presença das multinacionais em nosso cotidiano. Bush foi embora, mas a política econômica de Lula permanece.
Um dos pilares dessa política econômica é a combinação das dívidas externa e interna. A imposição dessa carga sobre a vida de cada um dos trabalhadores brasileiros é muito maior do que se pensa. É como se cada um dos brasileiros (homem ou mulher, velho ou criança) tivesse que pagar mil reais por ano de juros para os banqueiros.

A dívida está profundamente ligada a cada um dos episódios mais importantes da vida política e econômica deste país. Por exemplo, a permanência de Palocci no Ministério da Fazenda, ainda que tenha sobre si uma monumental quantidade de denúncias. Depois de idas e vindas, o governo e a oposição fizeram um acordo para adiar o depoimento do ministro. Afinal, Palocci é a garantia dos pagamentos recordes dos juros das dívidas, a favor dos quais estão o PT e o PSDB-PFL. Entre o governo e a oposição existem muito mais acordos que diferenças.
É para pagar as dívidas que o governo impõe o arrocho salarial ao funcionalismo público, que levou à greve da educação federal. E é também a explicação da intransigência do governo contra os grevistas.

É possível mudar? É possível romper com o imperialismo e parar de pagar as dívidas? Não existe nenhuma forma de conseguir que o país tenha um mínimo de soberania, sem isso. O país necessita de soberania nacional para decidir o que vai fazer, como vai encarar os grandes problemas sociais, sem ter pré-definidos pelo FMI todos os passos que vai dar.

Ora, dirão os defensores do imperialismo, não se pode romper com o imperialismo, porque ficaremos isolados. Isolados de quem? O governo brasileiro teria uma audiência enorme na América Latina, bem superior à de Chávez, que já tem grande apoio entre os trabalhadores e a juventude de todo o continente por atritos muito mais limitados com Bush. Ficaríamos sim, isolados dos governos imperialistas, mas teríamos muito apoio popular.

Está bem, segue o defensor do imperialismo mas “não teremos mais capital para investir”. É impressionante como se aposta na ignorância das pessoas, com um argumento desse tipo. O Brasil exporta capitais em quantidade muito maior do que recebe. Deixar de entregar aos banqueiros essa enorme quantidade de dinheiro e dedicá-la a resolver reais problemas do povo brasileiro, seria um enorme avanço para o país.

Em última tentativa, o defensor do imperialismo vai ameaçar os brasileiros, caso se pare de pagar a dívida, com a invasão militar dos EUA. Infelizmente para o adepto de Bush, essa já não é uma ameaça igual a três ou quatro anos atrás. A resistência iraquiana, pouco a pouco, vai desgastando a imagem do imperialismo imbatível.
É preciso e é possível resistir ao imperialismo. É necessário e é viável lutar pela soberania do país. As organizações sindicais, estudantis e populares devem discutir como a dívida afeta diretamente a vida dos trabalhadores em sua frente de intervenção. É preciso unificar todas e cada uma delas em uma campanha contra o pagamento das dívidas.

E é preciso também lutar contra o governo Lula, o amigo de Bush. Não se pode lutar claramente contra o imperialismo, caso não se enfrente quem sustenta diretamente o pagamento da dívida.

Por isso defendemos Fora Todos! Não ao pagamento das dívidas! Abaixo o plano econômico do governo e FMI.
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