Paralisações e protestos indicam que ataques não ficarão sem respostas dos trabalhadores. Uma nova situação poderá nascer da luta. Um marco da nova etapa de luta contra o governo e os patrões. Confira:Espanha
Na última semana, o presidente José Zapatero, do Partido Socialista, anunciou o conteúdo do pacote para diminuir os gastos públicos. Entre as principais medidas, está previsto o rebaixamento imediato de 5% dos salários do funcionalismo, congelamento das aposentadorias e uma reforma trabalhista que pretende facilitar as demissões. A reação dos trabalhadores foi imediata.

No mesmo dia do anúncio, milhares de funcionários públicos manifestaram-se em toda a Espanha. Em Madri, a manifestação dirigiu-se ao Ministério da Economia. Na faixa que abria a manifestação lia-se “Não aos cortes salariais nem sociais”, em outras faixas e cartazes podiam ler-se também os lemas: “Os culpados que paguem a crise”.

No próximo dia 8 de junho foi convocada greve geral do funcionalismo. Essa mobilização poderá incendiar o país e transformar a Espanha em uma nova Grécia.
A paralisação estava marcada para o dia 2, mas foi adiada para o dia 8 numa manobra clara da burocracia sindical das centrais (CCOO e UGT) sob o pretexto de deixar o governo “explicar” as medidas do pacote. No entanto, as direções das centrais, que são atreladas ao governo, enfrentam enormes pressões das bases. O setor público do País Basco, por exemplo, já se decidiu pela greve geral. Vai cruzar os braços no dia 25 de maio.

Portugal
Em meio às comemorações do 36º aniversário da Revolução dos Cravos, os trabalhadores do país se deparam com um enorme desafio: derrotar o Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) anunciado pelo primeiro-ministro José Sócrates, do Partido Socialista. Os trabalhadores portugueses já realizaram várias lutas contra o plano, como uma greve nacional dos transportes e das comunicações, no final de abril. Há outros setores que também estão lutando, como os funcionários públicos, os enfermeiros e os trabalhadores da Galp (petroleira estatal, ameaçada de privatização).

Mas a resposta ao PEC ainda se dá por meio de greves isoladas ou parcialmente gerais, enquanto a possibilidade de Portugal tornar-se uma nova Grécia é cada vez mais real. No próximo dia 29, haverá uma grande paralisação.

Romênia
No último dia 19, cerca de 40 mil pessoas protestaram em Bucareste, capital do país, diante da sede do governo. O protesto, considerado o maior nos últimos dez anos, foi contra o corte de salários públicos e aposentadorias anunciado pelo governo.
O plano de austeridade prevê uma redução de 25% nos salários dos servidores públicos e de 15% nas aposentadorias. A maioria dos manifestantes, formada por servidores públicos, exigiu a demissão chefe do Estado, Traian Basescu, que apresentou o pacote.

Itália
Apelando para “sacrifícios, lágrimas e sangue”, o governo Silvio Berlusconi já anunciou que pretende implementar um pacote. As centrais sindicais afirmaram que pretendem chamar mobilizações contra ele. Por outro lado, há no país um importante processo de reorganização. No dias 22 e 23 de maio, foi criada a União Sindical de Base (USB).

A nova entidade tem uma estrutura federal articulada em todo o país. Sob o slogan “conecte as suas lutas”, 644 delegados, representando cerca de 250 mil trabalhadores, estiveram no congresso que fundou a nova central.

O objetivo da entidade é de ser uma alternativa independente para a luta dos trabalhadores, contra a burocracia sindical. Certamente, a USB poderá ter um importante papel na resistência dos trabalhadores italianos aos planos de austeridade.

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