No dia 12, a Executiva Nacional do PT deu início a um processo que pode levar à expulsão da senadora Heloísa Helena e dos deputados federais Babá e Luciana Genro por se recusarem a votar a reforma da Previdência.

Nós, do PSTU, nos solidarizamos com esses companheiros, que estão sendo perseguidos por se recusarem a apoiar a Reforma da Previdência do FMI que Lula e o PT estão defendendo. E também felicitamos estes companheiros pela decisão política de honrar suas trajetórias de luta, negando-se a se comprometer em votar contra os trabalhadores.

No debate aberto pela ameaça de expulsão, a cúpula do PT e vários deputados petistas, além de toda a mídia, estão discutindo a possível expulsão dos companheiros como se esse assunto fosse apenas um problema de disciplina partidária.

Inclusive os que se posicionam contra uma eventual expulsão e chegam a definir a posição da Executiva como um “ataque preventivo”, comparando-a com a política da “guerra preventiva” de Bush – como Chico Alencar e Ivan Valente – limitam-se a uma defesa democrática . “Como não há crime, não pode haver punição”, dizem eles, na medida em que o Congresso Nacional ainda não votou a reforma e a bancada do partido ainda não “fechou questão” sobre a votação da reforma da Previdência.
Mas, além do ato autoritário, truculento e antidemocrático que a ameaça de “expulsão preventiva” significa, seria um profundo erro não tirar a conclusão política mais importante destes acontecimentos: o PT morreu como um instrumento de mobilização social por um projeto anti-imperialista e anti-capitalista.

A defesa dos interesses dos trabalhadores é incompatível com esse governo

O governo Lula está aprofundando o modelo neoliberal iniciado por Collor e FHC. E esta não é uma conclusão apenas do PSTU. É o que pensam uma boa parte do funcionalismo público e parcelas cada vez maiores da classe trabalhadora.
O corte no orçamento e o superávit histórico conseguido nas contas do governo não estão a serviço de promover investimentos na saúde, educação e criação de empregos. Estão indo para o pagamento da dívida externa.

O governo, enquanto “estende a mão” para as grandes empresas que sonegam a Previdência, ladrões que deveriam estar na cadeia e ter seus bens confiscados pelo Estado, ataca conquistas dos trabalhadores. O governo Lula e o PT fizeram uma opção política de governar para os grandes capitalistas e por colocar-se ao serviço do imperialismo.

As reformas do governo Lula são exigências do FMI que preparam a entrada do Brasil na Alca, se estabelecem no marco das negociações com os EUA e aparecem como iniciativa do governo, mas na verdade foram cozinhadas em Washington. Por isso, depois da reforma da Previdência virá a reforma trabalhista exigida pelo FMI e que FHC não conseguiu realizar até o final.

A reforma da Previdência significa um retrocesso histórico para os trabalhadores e é parte de um projeto de governo que mantém intactos os interesses da burguesia e aprofunda a dominação imperialista sobre o Brasil.

Nestas circunstâncias todos sabemos que a vida do povo trabalhador vai piorar sob o governo do PT e de Lula. Os que não querem formar parte deste estelionato eleitoral e defendem um projeto de transformação social que garanta uma vida digna para o povo trabalhador não têm outro caminho a não ser a ruptura consciente com o PT e com o governo.

O método da “punição preventiva” inaugurado pela executiva do PT é a expressão do que a realidade há muito tempo ditava: a impossibilidade de mudar o PT por dentro e, por conseqüência, os rumos do governo Lula.

Se antes da conquista do governo os companheiros que compõe a esquerda do PT alimentavam esta possibilidade, devem agora tirar conclusões. Não estão enfrentando a direção do um partido com uma política equivocada. Estão diante de um partido que é parte da máquina de um Estado voltado a garantir os interesses dos poderosos e que não titubeará em demostrar aos grandes empresários e ao FMI a seriedade de seus compromissos.

Diante desta constatação nem o governo Lula nem o PT estão em disputa. Não há qualquer possibilidade de que a pressão interna demova o governo do projeto que foi construído com seus parceiros do grande capital. Não há a mais remota chance de construir uma “nova maioria” ou de mudar o PT. A rigor, não é possível hoje manter-se socialista e fiel aos interesses da classe trabalhadora por dentro do PT.

Por isso tudo, é chegada a hora de romper definitivamente com o governo, com o PT e construir um novo partido. Na verdade, já começamos a passar da hora de unir a esquerda socialista e os movimentos sociais num novo partido.

Um chamado aos companheiros Babá, Heloísa e Luciana

A falência do PT exige e coloca cada vez mais na ordem do dia a necessidade imperiosa de unir a esquerda socialista em um projeto revolucionário, pois esta necessidade brota da incapacidade mesma do sistema de acabar com a fome e garantir emprego, saúde, moradia e terra; enfim, uma vida digna para o povo trabalhador.
O que demostrou sua inviabilidade é a conciliação dos interesses dos trabalhadores com os da burguesia. No final, acabaram prevalecendo os interesses da burguesia.
Por isso, queremos dizer aos companheiros Babá, Luciana e Heloísa Helena que podem contar conosco na luta contra essa Reforma do FMI e com a nossa solidariedade contra a perseguição que estão sofrendo. Temos certeza de que se mantiverem firmes, terão também o apoio de todos os lutadores, que estarão nas ruas para derrotar esse projeto do FMI.

Mas queremos também fazer um chamado a vocês e a todos os militantes petistas que se mantêm de forma intransigente na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores: rompam com o PT e com o governo Lula.

Vamos lutar juntos para construir um novo partido, que una todos os socialistas, lutadores e ativistas dos movimentos sociais e se constitua como oposição de esquerda a esse governo. Um novo partido de luta, de classe, de massas, revolucionários e socialista.
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