Uma série de lutas sindicais, estudantis, camponesas e populares está surgindo ou se preparando no país. Mas é necessário unificá-las para que possamos ter vitórias no próximo período.

Por um lado, a mobilização da General Motors de São José dos Campos (SP) deu um exemplo ao conjunto dos trabalhadores de como resistir à investida da multinacional que, mesmo com um recorde na produção e nos lucros, queria reduzir os salários dos operários. Dentro da fábrica, os trabalhadores têm clareza de que a empresa quer reduzir seus direitos. Mas a GM, junto com a prefeitura e a imprensa, quer jogar a população contra o sindicato e os trabalhadores, porque estes estariam “prejudicando o aumento do emprego” na cidade. Cínica e consciente, a patronal quer colocar a redução dos direitos como condição para o “aumento” dos empregos, e ganhar a população para seu lado.

Por outro lado, o movimento contra a transposição do rio São Francisco está se reorganizando depois do fim da greve de fome de dom Cappio. Muitos participantes do movimento, incluindo setores da Igreja, romperam com o governo Lula ao ver a continuidade das obras da transposição e a resistência de Lula em negociar. Mais ainda, estão vendo a tentativa do governo de jogar a população contra o movimento, com o falso argumento de “resolver o problema da seca no Nordeste”. Na verdade, o governo vai enriquecer as grandes empreiteiras, fortalecer o agronegócio e não vai resolver o problema da falta de água para a população pobre. Mas o governo tem a seu lado as grandes empresas e a imprensa.

Outros movimentos se articulam, como o plebiscito que os estudantes estão preparando contra o Reuni. Nos CAs e DCEs das universidades federais, uma oposição clara ao projeto de reforma universitária privatizante do governo vem se firmando. As ocupações das reitorias no ano passado contra o Reuni indicaram o repúdio existente. Mas ali também será necessário explicar ao conjunto da população a farsa do governo de que essa reforma é para democratizar o acesso dos estudantes pobres à universidade.

A campanha salarial do funcionalismo nos estados e em nível federal também está em preparação, assim como outras lutas localizadas.

O risco existente é que o governo Lula, pelo apoio que ainda tem entre os trabalhadores, consiga isolar cada uma dessas lutas, jogar a população contra elas e derrotá-las. Em cada uma dessas mobilizações, não vamos lutar contra um setor da patronal, mas contra uma nada santa aliança entre patrões, governo e imprensa.

Por esse motivo é fundamental buscar unificar tudo isso em um plano de lutas e uma plataforma comum, que permita uma mobilização unificada. A Coordenação Nacional da Conlutas se reúne no Rio de Janeiro a partir do dia 29. A Conlutas é a alternativa de direção que surgiu para o movimento diante da falência da CUT e da UNE governistas. É hora de unificar as lutas na Conlutas.

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 329
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