Os processos políticos mais radicalizados, como estamos vivendo no Brasil, tendem a trazer à tona contradições com muito mais rapidez que em situações normais. Isso torna as polêmicas entre os setores da esquerda mais intensas e reveladoras.
 
Poucas questões foram mais debatidas e questionadas, entre os ativistas de esquerda contra o governo, que a participação da CSP Conlutas no chamado unitário, com a CUT e a Força Sindical, aos dias de mobilizações de 11 de julho e, depois, no 30 de agosto. E, agora, é hora de fazer o balanço.
A maioria da direção nacional do PSOL não se moveu para apoiar nenhuma dessas paralisações, nem em julho nem em agosto. Repetiu o mesmo que fez com as passeatas de junho: nada. A direção majoritária do PSOL se move como parte da institucionalidade, dentro dos parlamentos. No máximo, tenta utilizar as lutas que acontecem nas ruas para apoiar suas batalhas ao redor das CPIs. Felizmente, alguns setores de ativistas do PSOL e de grupos diferentes da direção majoritária estiveram presentes nas mobilizações.
Mas, existiram outros setores da esquerda que questionaram o chamado unitário das Centrais para as mobilizações de 11 de julho e 30 de agosto, dizendo que isto foi uma capitulação da CSP Conlutas e do PSTU às Centrais governistas. 
 
As mobilizações de 11 de julho foram significativas por trazer um setor importante da classe operária para a luta. Naquele momento, o protagonismo das ruas tinha colocado a juventude no centro do processo político. As greves de 11 de julho trouxeram a classe operária para a luta. Durante essa mobilização, a direção da CUT foi derrotada ao querer levar a mobilização a apoiar o plebiscito do governo. 
Os setores de esquerda que foram contra a paralisação acabaram por se chocar com um movimento vivo da classe operária no país, que se incorporava ao grande processo de lutas aberto em junho. Ficaram na contramão, em uma incômoda unidade de ação com a burguesia contra a greve.
 
Agora, com o dia 30 de agosto, a polêmica se renovou. Mas com consequências distintas. A CUT e a Força Sindical ajudaram a convocar a mobilização, mas depois a boicotaram. A CSP Conlutas, juntamente com setores dissidentes da CUT, garantiu a maior parte das categorias e cidades em luta. 
Os ativistas honestos das bases do PT e da CUT puderam ver suas direções trabalhando contra essas greves. E há um motivo a mais para romper com essas organizações.  
Os setores de esquerda que trabalharam contra o dia 30, mesmo que inconscientemente, ajudaram a burguesia contra as greves. E, contraditoriamente, terminaram fazendo o mesmo jogo da CUT e da Força Sindical, que tanto criticavam. 
 
É hora de tirar as conclusões sobre tudo isso. É importante que os ativistas e grupos envolvidos em todas as lutas do dia 30 de agosto venham construir a CSP Conlutas e a ANEL. É preciso fortalecer uma alternativa, para unificar as lutas contra o governismo dos burocratas da CUT e da Força Sindical! E é preciso, também, que os ativistas socialistas se somem à construção do PSTU!
 

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