As duas manifestações do dia 25 de novembro em Brasília expressaram o sentimento de todo um setor do movimento de massas contra o governo. Mas, ao contrário do ocorrido nas eleições, esse sentimento não foi capitalizado pela oposição de direita, pois a marcha foi organizada por setores de esquerda ligados ao movimento de massas.

As bases aglutinadas nas duas marchas estavam com uma posição de enfrentamento contra o governo Lula. Isso se deu tanto na marcha que ocorreu na Esplanada contra as reformas Sindical, Trabalhista e Universitária, como na outra, dos sem-terra. As bases estiveram à esquerda inclusive de setores de sua direção, como a do MST, e da esquerda da CUT e do PT, que ainda não romperam com o governo Lula.

O governo petista, por seu turno, segue seu curso com clareza absoluta. A reforma agrária está paralisada, com um número menor de assentamentos que no governo FHC. Lula está preparando as reformas Sindical, Trabalhista e Universitária que pavimentam o caminho para a Alca. O fisiolo gismo no governo se escancara com as negociações com o PMDB e o PP de Maluf, numa troca desavergonhada de cargos e ministérios por apoio político. A CUT e a UNE seguem também integradas ao governo, preparando conjuntamente as reformas neoliberais.

O que salta a vista, no entanto, é que a direção do MST segue apoiando o governo, assim como a esquerda do PT. Uma parte importante do P-SOL continua contra romper com a CUT e com a UNE.

As duas mobilizações do dia 25 em Brasília levam a duas conclusões: a primeira é que era possível unificar em uma só e bem maior marcha contra o governo. A segunda é que a direção do MST deve romper com Lula e com seu governo comprometido com o agronegócio, assim como os setores de esquerda da CUT e da UNE (e o P-SOL) devem romper com essas entidades chapas brancas, e construir uma alternativa de direção com a Conlutas em seu Encontro Nacional que será realizado em janeiro de 2005, no Fórum Social Mundial.
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