Está terminando o primeiro semestre de 2008. Do ponto de vista dos trabalhadores, parece que o país vai afundando lentamente.

Em primeiro lugar, a inflação voltou, e para ficar. Os alimentos subiram primeiro. Parecia até de propósito, atingindo mais o arroz com feijão, comida tradicional do povo trabalhador. Os aumentos acumulados em 12 meses na cesta básica superaram os 20% em todas as capitais do país segundo o Dieese. Logo a inflação foi atingindo tudo, os aluguéis, os serviços…

Assim, vai desabando a sensação de estabilidade da economia. Essa era a vantagem que a burguesia apresentava nesse plano econômico neoliberal. E a resposta do governo é o contrário do que os trabalhadores precisam: aumento na taxa de juros e do superávit primário. Ou seja, Lula reage garantindo a taxa de lucros dos bancos e das multinacionais, que vão tornar todos os financiamentos mais caros e reduzir ainda mais as verbas para saúde e educação. Para completar, o governo quer trazer de volta uma nova CPMF, a CSS, mais um tapa na cara do povo brasileiro.

Em segundo lugar, a corrupção voltou ao primeiro plano com toda força. Escândalos envolvem todos os grandes partidos. A negociação da VarigLog foi uma tramóia do governo Lula que garantiu a venda para um fundo norte-americano, passando inclusive por cima da lei. Garotinho e sua mulher Rosinha, do PMDB, comandavam uma máfia dentro da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro. O PDT de Paulinho, da Força Sindical, controla uma rede que vai de empréstimos do BNDES a casas de prostituição. Como toda a pelegada sindical tem o rabo preso, as burocracias da CUT e da CTB (braço sindical do PCdoB) saíram em defesa de Paulinho.

No Rio Grande do Norte, a polícia prendeu o filho da governadora Wilma Maia (PSB). Ele chefiava um bando que roubava o Estado e dividia o dinheiro no palácio do governo. Para não ficar atrás, os governos do PSDB em São Paulo e no Rio Grande do Sul mostram a cara corrupta de sempre. Os negócios de Geraldo Alckmin e José Serra com a multinacional Alstom no metrô levaram milhões de dólares para o PSDB. O governo gaúcho de Yeda Crusius vive uma grave crise política – explodiram denúncias que envolvem seu vice-governador na corrupção do Detran local. Assim, os trabalhadores voltam a perceber que todos esses partidos são farinha do mesmo saco na corrupção.

Como reagir a tudo isso? As lutas já começaram. Em 2008, estamos vendo mais greves que no passado. Tivemos paralisações por aumento salarial na construção civil em várias cidades do país, desde Fortaleza até a refinaria da Petrobras em São José dos Campos (SP). Motoristas também foram à luta em Belém, Fortaleza, Macapá e outras cidades.

O funcionalismo público municipal e estadual também foi à luta, como demonstra a greve dos professores em São Paulo. Os metalúrgicos da GM de São José dos Campos derrotaram o primeiro ataque da multinacional, que tentava reduzir salários e implantar o banco de horas, e agora estão enfrentando o segundo golpe.

A radicalização está aumentando em muitos outros setores. É necessário montar um plano de lutas maior de todos os trabalhadores para o segundo semestre. Essa é uma das tarefas a serem discutidas no próximo congresso da Conlutas, de 3 a 6 de julho, em Betim (MG). Milhares de delegados foram eleitos em assembléias de base em todo o país. Está se preparando o maior congresso de trabalhadores do país em 20 anos.

É a esperança de que, ao ver o país afundando na inflação e na corrupção, os trabalhadores possam dar uma resposta unificada para suas lutas.

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 342
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