O DCE da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) está convocando para o próximo sábado, dia 13, uma reunião nacional de ativistas e entidades estudantis para discutir a luta contra a reforma universitária do governo Lula e a construção de um congresso nacional de estudantes.

A proposta do congresso surgiu a partir da necessidade de avançar na luta do movimento estudantil. A ocupação da reitoria da USP contra os decretos de José Serra (PSDB) fortaleceu as lutas do movimento estudantil, atraindo cada vez mais estudantes. Foram dezenas de ocupações que se seguiram, desta vez contra o decreto de Lula, o Reuni. Em cada uma dessas mobilizações estava sendo construído um novo movimento.

A UNE, mais uma vez, ficou na contramão das mobilizações. Fez coro com o governo, esperneou, defendeu o Reuni e foi contra as ocupações de reitoria. Isso porque essa entidade passou de vez para o lado do governo federal, se transformando em cão de guarda de Lula no movimento estudantil. Sem democracia e debate, a UNE é uma entidade morta para a luta dos estudantes.

Em 2008, as lutas continuaram se fortalecendo e atropelando a UNE. As ocupações de reitoria seguiram, com destaque para a da UnB. Diante desse cenário de mobilizações, dezenas de entidades pelo país debateram e aprovaram a proposta de um congresso nacional de estudantes para fortalecer nossas lutas. A reunião do dia 13 será a primeira atividade nacional para discutir a organização do congresso. Expomos aqui algumas opiniões sobre os debates que envolvem a construção desse importante espaço.

Construir nas salas de aula
O objetivo desse congresso deve ser reunir o maior número possível de estudantes contra os ataques do governo Lula e governos estaduais. Juntos vamos realizar uma troca inédita de experiências e fortalecer nossas lutas. Para que esse objetivo se torne realidade precisamos organizar um congresso amplo, democrático e pela base.

Nesse sentido é preciso levar a discussão do congresso para os grêmios, centros acadêmicos e demais entidades. Realizar o debate com os ativistas dessas entidades para construir o congresso nas assembléias e nas salas de aula. Nosso objetivo deve ser o de envolver o maior número possível de estudantes. Dessa forma, o congresso poderá ser democrático, organizado e controlado pelas bases.

Algumas iniciativas já vêm sendo realizadas nesse sentido. O congresso de estudantes da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) debateu e aprovou a realização do evento nacional. O DCE-UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) aprovou a proposta do congresso em um seminário de gestão e convocou uma reunião estadual para discuti-lo no dia 7. As diversas executivas de curso já estão debatendo como levar a discussão do congresso para as entidades de base e os estudantes de seus cursos. Iniciativas como essas devem se reproduzir pelos Estados e universidades com o objetivo de ampliar e atrair cada vez mais estudantes para o congresso.

Para fortalecer as lutas
O congresso é uma necessidade do movimento estudantil combativo. No último período, o movimento ganhou força, dialogou com milhares de estudantes e, em alguns momentos, roubou a cena nos principais noticiários do país. A maioria dos estudantes sabe ou já ouviu falar da ocupação da reitoria da USP ou da UnB. Foram muitas lutas nos últimos meses, nas quais conquistamos importantes vitórias. Essa batalha não pode parar.

O governo Lula segue implementando o Reuni nas universidades federais. Nas estaduais paulistas, o governador José Serra acaba de lançar um novo decreto em forma de lei. Nas universidades privadas, continuam as altas mensalidades e as reestruturações que buscam se adequar ao mercado. Nas escolas secundárias falta de tudo.

Por outro lado, o movimento estudantil segue lutando e resistindo aos ataques. Para que os estudantes possam ser vitoriosos é muito importante entendermos que nossas lutas são uma só: contra os planos neoliberais do governo federal e demais governos. Cada mobilização tem a ver com esses planos.

Por isso é fundamental trocar experiências, unificar nossas ações e organizar pautas e calendários em comum. O congresso nacional será um espaço único nesse sentido, surgido das mobilizações e com o objetivo de fortalecê-las. Lá poderemos fazer uma avaliação de nosso movimento, apontar perspectivas e construir um calendário de lutas que fortaleça e unifique a luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

Para organizar as lutas
Nesse sentido, consideramos que o congresso deve ser organizado por todos os lutadores. Não deve ser um evento apenas daqueles que querem construir uma nova entidade alternativa à UNE. Deve ser aberto para todas as opiniões sobre com que tipo de instrumento devemos organizar nossas lutas. Por isso, é importante que todas as posições se expressem democraticamente no congresso.

Da nossa parte, não temos dúvidas que o movimento estudantil democrático e combativo precisa avançar na construção de um novo instrumento diferente da UNE. Uma alternativa nacional que possa organizar e desenvolver nossas lutas nacionalmente para derrotar os ataques do governo Lula. Mesmo com vitórias pontuais, sem uma alternativa cedo ou tarde o governo irá avançar na implementação de seu projeto. É fundamental que o congresso discuta e tome posições sobre esse tema.

Como construir essa alternativa? Como ela deverá funcionar? Esse é um debate que, em nossa opinião, deve ser amadurecido pelo movimento. Mas temos certeza de que essa alternativa não poderá repetir os erros do passado, funcionando só pela cúpula. Ao contrário, deve ser controlada cotidianamente pelas entidades de base.
Esse e outros debates devem avançar e terminar no congresso nacional. Cada lutador deve agora se esforçar em organizar o congresso na base e avançar nas lutas e na construção de uma alternativa à UNE governista.
Post author Emiliano Soto, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
Publication Date