Soldados reprimem policiais em greve

Mais uma vez o governo baiano mostra sua face autoritária contra os movimentos grevistasNos últimos dias o pânico tomou conta da Bahia. Mesmo com a paralisação apenas parcial da PM, as ruas do centro de Salvador ficaram desertas, lojas foram saqueadas e correram inúmeros boatos de arrastões e assaltos. Segundo o Sindicato dos Lojistas da Bahia, o prejuízo nas vendas chega a 80%. Grupos de extermínio atuaram com liberdade e mais de 60 homicídios foram registrados em Salvador e região metropolitana. A sensação de medo e insegurança, amplificada pela grande imprensa, tem feito parte do cotidiano dos trabalhadores no estado.

O governo do PT vem tentando pôr a culpa pelo caos nos policiais em greve. O objetivo é bem claro: colocar a sociedade contra o movimento e, para isso, a imprensa tem sido uma grande aliada. O caos na segurança pública é de responsabilidade única do governo de Jaques Wagner (PT). Os policiais lutam pela melhoria das suas condições de trabalho e exigem do governador a reintegração dos demitidos políticos que foram expulsos da PM depois da histórica greve de 2001, a incorporação de gratificações, o pagamento de um adicional de periculosidade, reajuste linear de 17,28% retroativo a abril de 2007 e a revisão no valor do auxílio alimentação.

Wagner: viciando em reprimir greves
Todos os baianos esperávamos atentos o discurso do governador Jaques Wagner na noite desse dia 3 de fevereiro. Mas o que vimos foi uma grande decepção. O governador, como nos mais terríveis anos do período carlista, buscou criminalizar os policiais acusando-os de delinqüentes. O que vimos no discurso do governador foi arrogância, prepotência, intransigência e uma grande irresponsabilidade da parte do governo do estado.

Segundo Wagner, “a democracia é o império da lei. Não podemos conviver com esse movimento já considerado ilegal pela Justiça baiana, além dos 12 mandados de prisão que já foram emitidos.(…) Agimos imediatamente, e com todo rigor, para conter as ações de um grupo de policiais que, usando métodos condenáveis e difundindo o medo na população, chegou a causar desordem em alguns pontos do nosso estado”. Esse foi o mesmo método utilizado pelos governos carlistas para reprimir e criminalizar os setores sociais em luta.

Assim como em outros momentos de seu governo Wagner, um ex -sindicalista, tem adotado a estratégia de criminalizar os movimentos e usar a força da repressão para “manter a ordem”. Foi assim com a greve da APLB (Sindicatos dos professores do estado da Bahia) em 2007 quando os professores tiveram ponto cortado, o sindicato multado e seus dirigentes ameaçados de prisão. Foi assim em 2011 com a greve dos professores das universidades estaduais, onde o governo se recusou por meses a negociar. Está sendo assim novamente no movimento dos PM´s. O Batalhão de Choque foi chamado a reprimir os policiais que estavam acampados na Assembléia Legislativa, mas se recusou. Com a chegada do Exército e da Força Nacional, o governo continua a pressão sobre os grevistas e seguem as ameaças de repressão.

Dilma, retire a Força Nacional e intermedie as negociações
Em nenhum momento, durante seus pronunciamentos ou em suas ações, o governo demonstra disposição para resolver a greve e acatar as justas demandas dos policiais. Em nenhum momento o governador acena com uma negociação séria das pautas da greve. A sua única preocupação é criminalizar o movimento e derrotar a greve com a substituição dos grevistas por militares do exército e da Força Nacional. Um contingente de 2.950 militares está sendo deslocado para o estado.

Com este operativo, o governo visa não a segurança do povo pobre, mas garantir a segurança para os milionários negócios da burguesia comercial e da grande indústria do turismo e do entretenimento no verão. A declaração doTenente-comandante Cunha, oficial de comunicação da Região Militar deixa isto bastante claro: “Tem uma tropa da Brigada Paraquedista do Rio de Janeiro, com experiência no combate no Haiti e Complexo do Alemão. Eles vão atuar na orla, no trecho compreendido entre a Barra e a Pituba. (…) Os oficiais de Aracaju vão atuar na região do Comércio e Sete Portas, a equipe do 2° Distrito Naval ficará responsável pela área de portos; e a Força de Segurança Nacional próxima ao aeroporto”. A presença da Força Nacional vai significar um aumento da repressão e violência e um banho de sangue pode acontecer.

Fortalecer o apoio e a solidariedade aos policiais em greve
É muito importante que os trabalhadores e suas organizações cerquem de solidariedade os PM´s em greve, forçando o governo a recuar em sua intransigência e repressão. Seis associações da PM já emitiram nota repudiando a postura do governo e o responsabilizando por qualquer incidente decorrente desta posição. É preciso que estas associações avancem para uma greve geral unificada de toda a polícia.

Do mesmo modo, as centrais sindicais e sindicatos devem apoiar a mobilização. Sindicatos de ramos nos quais os trabalhadores não têm tido sua segurança garantida como comerciários, bancários e rodoviários, dirigidos pela CUT e CTB devem exigir condições de trabalho e, se preciso, paralisar as atividades. Desta forma, com o apoio dos trabalhadores de diversas categorias será possível dobrar o governo Wagner e obrigá-lo a negociar uma solução que favoreça os trabalhadores.

Infelizmente, até agora a postura da CUT e do PT têm sido de apoio ao governo. Em suas notas essas organizações corroboram com a posição do governo e defendem o desembarque de mais tropas do Exército e da Força Nacional, e ressaltam a responsabilidade dos grevistas pelo caos e em nenhum momento saem em defesa da abertura de novas negociações entre o governo e o movimento. Os militantes honestos do PT, que em 2001 estiveram ao lado dos policiais em greve devem repudiar a postura de seus dirigentes e do governo e apoiar a justa luta dos policiais militares.

PSTU apóia a mobilização dos policiais e denuncia governador
Defendemos a abertura imediata das negociações e que toda ameaça de repressão ao movimento seja combatida. Não podemos aceitar que o governo do PT se utilize dos métodos típicos da ditadura colocando tropas do Exército para reprimir uma manifestação legítima. Por isso defendemos:

  • Todo apoio e solidariedade a greve dos policiais
  • Por uma greve geral unificada de todas as associações de policiais
  • Pelo imediato atendimento de suas reivindicações
  • Pelo direito à greve e sindicalização dos policiais militares e bombeiros
  • Pela anistia aos demitidos políticos na greve de 2001
  • Nenhuma punição aos policiais em greve
  • Exigimos da Presidenta Dilma a retirada da Força Nacional e intermediaçãonas negociações

    Direção Estadual do PSTU, 04 de fevereiro de 2012