O funcionalismo fez um 8 de abril vitorioso, de paralisações e protestos contra a reforma da Previdência e o PL-9. Duzentos mil servidores federais paralisaram suas atividades neste dia. Além disso, ocorreram manifestações de norte a sul do país, sendo que na maioria dos Estados foi possível unir os servidores das três esferas (federal, estadual e municipal). Em alguns os funcionários estaduais estão em greve, como no Rio de Janeiro. A unidade das três esferas na luta contra a reforma é chave e o dia 8 deu um passo significativo para o avanço da ação comum.

Esse primeiro dia de luta vitorioso é ainda mais significativo, se consideramos que é o primeiro contra o governo Lula, no qual o funcionalismo depositava grandes esperanças. Os servidores, em massa, não apenas votaram, mas fizeram campanha para eleger Lula.

Em nível federal, a paralisação foi forte e muito significativa nas universidades (tanto em professores como em funcionários) e na Seguridade Social. No Judiciário a paralisação foi parcial. Nos setores vinculados à Confederação dos Servidores Públicos Federais (Condsef) houve manifestações. Apesar das desigualdades, os servidores avançaram no seu patamar de mobilização e entram numa dinâmica de luta crescente.

Este dia de luta foi o primeiro passo de uma jornada que deverá culminar numa greve por tempo indeterminado de todo o serviço público, se o governo Lula não recuar dessa reforma, que significa a privatização da Previdência, e também se não atender as demais reivindicações dos servidores.

A proposta do governo Lula de dar 1% de reajuste linear para a categoria caiu como uma bomba, fazendo explodir a indignação de modo geral. O dia 8 esquentou os motores e colocou o conjunto dos servidores numa dinâmica de luta, que deverá ser crescente até a construção da greve.

Para discutir a continuidade do movimento e um próximo dia de luta unificado, a Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais (CNESF) fará reunião no dia 16 de abril e haverá nova plenária nacional dos servidores neste mês.

Não ao PL-9 com ou sem máscara

A essência da proposta de reforma do governo é a privatização. Em princípio, para viabilizá-la e antecipá-la, o governo quer votar o PL-9, projeto de lei de FHC, que cria a Previdência privada para os servidores e acaba com a aposentadoria integral. A forte rejeição ao PL-9 levou vários dirigentes ligados à corrente majoritária da CUT a tentar confundir os servidores, afirmando que tal projeto seria retirado. Também a esquerda do PT gerou confusão, ao afirmar que em troca de seu voto à emenda que altera o sistema financeiro, o governo não apresentaria mais o PL-9.
O fato é que, em primeiro lugar, o governo não retirou o PL-9. Em segundo, se estiver utilizando-o, como na história do bode na sala, para confundir e desmobilizar os servidores, não chegará a lugar algum. Os servidores sabem que o conteúdo da reforma – com o PL-9 na íntegra ou mascarado – é o mesmo.

Por isso, as entidades do funcionalismo estão denunciando a reforma como um todo e defendendo a Previdência pública, a derrota e o arquivamento do PL-9, ou de qualquer clone seu.

Post author Rogério Marzola,
diretor da Fasubra
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