A experiência que as massas trabalhadoras e sua vanguarda estão fazendo com o governo Lula é muito profunda. Pode não se manifestar em grandes ações de protesto neste momento. Lula pode ter o apoio eleitoral da maioria dos trabalhadores. Mas já não tem a mesma confiança, não existe mais a mesma esperança de mudar a vida pelo voto.

Perante isso, é uma obrigação dos revolucionários buscar apresentar uma alternativa que dispute a direção do movimento sindical e político, e ocupar este espaço.

O Conat, realizado no fim de semana passado em Sumaré (SP), fundou, sem dúvida, uma alternativa real de direção sindical, popular e estudantil para a luta das massas. A alegria que tomou conta dos delegados ao votar a formação da nova entidade foi uma pequena demonstração da importância que tem a Conlutas. O Opinião Socialista dedica a maioria das páginas dessa edição a este acontecimento histórico.

Neste ano também haverá eleições, que vão polarizar o país. Apesar da burguesia controlar o processo (corrompendo partidos, financiando campanhas), é preciso que os revolucionários participem, enquanto as massas ainda acreditarem nas eleições.

A participação nas eleições pode ser outra manifestação do processo de reorganização, caso exista uma aproximação real entre os candidatos e o movimento.
Por este motivo, o PSTU propôs ao PSOL, ao PCB e a outros movimentos de trabalhadores, uma frente classista e socialista.

No entanto, o PSOL está apontando para outro lado. Apesar de dizer que está a favor de uma frente, toma decisões que podem levar à não existência de uma frente classista. Sobre a nossa proposta de que o programa fosse anticapitalista e antiimperialista, eles não responderam nada até o momento. Estão discutindo duas alternativas distintas: uma perspectiva de ruptura com o capitalismo e outra de administrar a crise do capitalismo.

Além disso, o PSOL está defendendo que a frente inclua setores de partidos burgueses como o PDT, PSB e até PMDB. Isso caracterizaria uma frente popular, aliando trabalhadores e burgueses, como fez o PT.

Por último, o PSOL está impondo o nome de César Benjamin como vice de Heloísa Helena, sem nenhuma consulta aos outros partidos. César é um intelectual respeitado por sua ruptura com o governo. Mas defende um programa de administração da crise do capitalismo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou: “Nossa principal tarefa política será democratizar de fato a nossa democracia.”

Isso levou o PSTU a lançar o nome de Zé Maria como candidato a vice-presidente. Entendemos que essas duas propostas de vice (o PSOL com César Benjamin e o PSTU com Zé Maria) sintetizam dois projetos distintos para a frente: um deles refazendo em nível regional a frente popular com setores do PDT e PSB, com um programa de administração do capitalismo. Outro, com um programa de ruptura, e com uma definição clara e classista da frente.

No Rio de Janeiro, no dia 16 de maio, será realizado um ato em defesa da candidatura de Zé Maria a vice. Outros atos acontecerão pelo resto do país.

Post author Editorial do jornal Opinião Socialista 257
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