Por quê, apesar do enfrentamento muito limitado de Chávez com o imperialismo, este o ataca e quer derrotá-lo?

É que, nas atuais condições econômicas e políticas mundiais, que exige o saque cada vez maior de volumes de riquezas para sustentar os ganhos das multinacionais, o imperialismo ianque não pode permitir o menor sinal de independência. Menos ainda em um continente como a América Latina, atravessado por grandes mobilizações revolucionárias de massas e em um país como a Venezuela, que contribui com 25% do petróleo consumido nos EUA. Como afirma o jornalista Gustavo Fernández: “Chávez empreendeu um plano de fortalecimento da OPEP que se chocou frontalmente com a política norte-americana de ‘liberalização’ do mercado petroleiro mundial, que não é outra coisa que um eufemismo para encobrir o controle planetário da produção de energia por parte das corporações transnacionais. Igualmente, se chocou com os aliados nacionais destas corporações que … vieram promovendo a privatização da principal indústria petroleira nacional (…) Se bem que sejam tímidas as leis petroleiras de Chávez, hoje isso só basta para desatar a ira do norte”

Por que, mesmo sem melhoras econômicas, um amplo setor das massas venezuelanas continua apoiando Chávez?

Há que se colocar que muitos desses setores receberam, sim, alguns pequenos benefícios. Em especial, com a chegada ao país de 10 mil médicos e professores cubanos, que atuam nos bairros mais pobres de Caracas e das grandes cidades, e com a doação de algumas terras fiscais a camponeses. No entanto, a questão central é que os trabalhadores e as massas compreendem, com certeiro instinto de classe, que um golpe e um futuro governo pró-imperialista serão para eles muito piores do que o governo Chávez. Ao mesmo tempo, a ausência de uma alternativa de direção revolucionária, capaz de mostrar um caminho distinto, ajuda a manter as expectativas no atual presidente.
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