Foto SInd Metroviários-SP
PSTU-SP

Camilo Martin

Na última sexta-feira (29/05), por meio do ato do Diretor-Presidente Silvani Alves Pereira (AP62/2020), os trabalhadores e trabalhadoras com mais de 60 anos que estavam afastados por serem parte do grupo de risco da COVID-19 foram convocados para retornar ao trabalho em 1º de junho. Essa medida cruel do Metrô que coloca estes trabalhadores em risco de morte ocorre como consequência do anúncio do Dória, no último dia 27, de que iria flexibilizar a quarentena no estado de São Paulo.

Dória anuncia esta medida justamente na contramão da atual necessidade. Neste momento estamos batendo recordes de casos em São Paulo. Um dia após o anúncio da flexibilização foram 6382 casos em menos de 24h, totalizando 95 mil casos confirmados. Já são mais de 7000 mortes. Segundo a OMS, a América Latina é o novo centro da pandemia e, neste subcontinente, a situação do Brasil é a mais preocupante. Na contramão do que propagandeia o governo do PSDB, a ocupação dos leitos de UTI na Grande São Paulo segue próximo do limite, com 83,1% mesmo após a inauguração de novos leitos.

A flexibilização da quarentena deixou explícita a verdadeira face de Dória. Ao invés de garantir as medidas que a ciência atesta como única satisfatória neste momento – o isolamento social – paralisando todos os serviços não essenciais e garantindo estabilidade no emprego, renda e condições sanitárias para que as pessoas fiquem em casa protegendo a si e a suas famílias, o governador opta por ir na direção contrária, cede à pressão dos grandes empresários e se junta a Bolsonaro, tornando-se cúmplice do genocídio em curso.

O transporte em geral e o Metrô em particular são ambientes com alto índice de contágio, ficando atrás apenas de hospitais e postos de saúde. Ao obrigar trabalhadores do grupo de risco a retornar as suas atividades, o presidente do Metrô e o governador demonstram toda sua crueldade tratando os trabalhadores como bucha de canhão para fazer retomar o quanto antes o funcionamento “normal” do sistema capitalista. Essa normalidade que sempre se baseia na exploração dos trabalhadores, neste exemplo dos metroviários mostra, mais do que nunca, que precisa ser destruído para que nossa classe possa sobreviver.