No dia 12 de junho de 1994, uma semana depois do congresso de fundação do partido, a maioria dos militantes do PSTU acordou recebendo uma notícia chocante: José Luis Sundermann, dirigente da Fasubra e do Sindicato dos Trabalhadores da Ufscar (Sintufscar),Imediatamente foi criada uma comissão com dirigentes e advogados, que foram até o local do crime para realizar uma investigação paralela e tentar identificar os verdadeiros criminosos.

Nas primeiras observações, verificamos que o crime havia sido cometido por profissionais. Ele ocorreu na madrugada de domingo, por volta das três e meia da madrugada, na casa onde moravam. Os corpos do casal foram encontrados por seu filho Carlos Eduardo, o Duda, quando retornava para casa. A cena chocante de ver os pais dos quais ele se orgulhava, tanto pela atividade revolucionária quanto socialista, o perturbou. O rapaz foi encontrado morto próximo a uma cachoeira da região em abril de 1998.

O casal Sundermann assistia televisão possivelmente com a porta aberta. José Luís estava caído com duas perfurações de bala na cabeça, do lado esquerdo. Estava sentado em frente à televisão quando o assassino entrou e deu-lhe dois tiros fatais, sem que ele nem mesmo pudesse ver de onde partiu o tiro e quem os deu. O assassino sabia da fama de valente de José Luis e não quis correr riscos, assassinando-o imediatamente.

Rosa estava sentada e recostada na poltrona, ao lado de José Luis. Ela tinha levado um tiro na região temporal esquerda, além de um tiro na região superior do antebraço esquerdo. Também tinha o maxilar quebrado. Sobre seu corpo havia uma almofada onde existia um orifício transfixante. O que se pode concluir é que Rosa viu José Luis ser morto e tentou se defender, o assassino atirou nela, o primeiro tiro atingiu-lhe o braço. Como não a matou, o assassino aproximou-se dela, quebrou-lhe o maxilar, possivelmente com a coronha do revólver, depois encostou a arma em sua cabeça e disparou.

Tudo isso pode ser constatado estudando-se as páginas 105 a 124, 129, 135 e 136 do inquérito policial.
De tudo isso se pode concluir que somente assassinos frios invadem uma casa na calada da noite, de maneira silenciosa, sem que os vizinhos vejam ou ouçam nada, e matam com tal precisão e frieza. Nada foi roubado da casa, nem sequer talões de cheque ou cartões de crédito.

O assassino (ou assassinos) era um profissional e foi contratado por alguém que não queria cometer erros ao praticar esse bárbaro crime.

A quem interessa a morte de Rosa e José Luis?
José Luis e Rosa foram muito ativos em todas as lutas sociais e sempre estavam presentes nas mobilizações dos trabalhadores, enfrentando-se com os interesses dos poderosos. Como exemplo, estiveram na greve dos cortadores de cana da usina Ipiranga de açúcar e álcool, em agosto de 1990.

Mais do que ninguém, era do interesse dos ricos e poderosos desta região o assassinato dos companheiros. É esse tipo de gente que acredita na impunidade para as atividades criminosas.

Incapacidade da polícia
A Polícia Civil da região admitiu que não tinha capacidade de chegar à resolução do crime e pediu reforços. O inquérito chegou a ser enviado para a delegacia especializada, mas até hoje as investigações não foram concluídas e o inquérito está arquivado.

Apesar de as entidades dos movimentos sociais se empenharem em demonstrar o caminho correto a ser seguido na investigação policial, com reivindicações feitas pelos advogados Idibal Almeida Piveta, Sandro Luís Fernandes, Aderson Bussinger e Fabiana Amaral, desde 20 julho de 1994 até 2007, com pedidos de acareações, oitivas e diligências, esses procedimento não foram realizados, alguns apenas parcialmente.

A polícia resolveu todas as linhas de investigação, menos as apontadas pelos movimentos sociais. Seguiu pela via de crimes passional, racial, fruto de disputas sindicais ou de atritos pessoais, mas nunca chegou a nada.

José Luis e Rosa foram mortos por assassinos profissionais a mando de empresários e políticos vinculados ao grande capital. Foram mortos por serem socialistas e revolucionários. Por defenderem os reais interesses da classe trabalhadora. Mas o Estado brasileiro nunca chegaria a essa conclusão.

SEMPRE ESTARÃO PRESENTES
Recentemente os advogados do Instituto José Luis e Rosa Sundermann, do PSTU, apresentaram uma denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA). O governo brasileiro se defendeu alegando que não se deveria recorrer a instâncias internacionais, pois era possível ainda mobilizar instituições estatais. Mas nada foi feito.

Somente a luta da classe trabalhadora poderá fazer justiça a estes e a todos os revolucionários que morreram lutando por nossa causa.
Post author Américo Gomes, do Instituto José Luis e Rosa Sundermann
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