Redação

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Dois camponeses foram assassinados no último dia 5 no Maranhão. Celino Fernandes e Wanderson de Jesus Rodrigues Fernandes, pai e filho, respectivamente, foram assassinados em sua casa por pistoleiros, diante da esposa, filhos e netos.

Os dois camponeses estiverem presos por mais de 70 dias em 2019 com mais outros três trabalhadores rurais. Todos eram integrantes do Movimento Fóruns e Redes de Cidadania. A prisão foi motivada por perseguição política realizada por latifundiários em conluio com políticos, policiais e funcionários da justiça.

O PSTU se solidariza com os familiares desses trabalhadores e repudia esse bárbaro assassinato, com a exigência de justiça e apuração do caso.

Confira a nota pública de repúdio do Movimento Fóruns e Redes de Cidadania e divulgada por entidades:

Nota pública de pesar, repúdio e solidariedade

Pistoleiros matam dois camponeses na Baixada Ocidental Maranhense – Arari

As organizações da sociedade civil, que esta assinam, vêm a público se manifestar nos seguintes termos:

1 – Na madrugada do dia 05 de janeiro de 2020, quatro pistoleiros fortemente armados, invadiram a residência de CELINO FERNANDES e WANDERSON DE JESUS RODRIGUES FERNANDES, pai e filho, respectivamente, moradores da comunidade Cedro, município de Arari e os executaram com vários disparos de arma de fogo nos seus rostos, sem oportunidade de qualquer defesa, fato presenciado pela esposa, filhos e netos;

2 – Os pistoleiros chegaram à comunidade e às residências dos camponeses dizendo serem da polícia e que estavam cumprindo ordem de prisão. Trajavam coletes da polícia civil, todos encapuzados, arrombaram as residências e assassinaram os lavradores;

3 – Os camponeses CELINO FERNANDES e WANDERSON DE JESUS RODRIGUES FERNANDES, no ano de 2019, juntamente com mais três camponeses, inclusive Adriana de Jesus Rodrigues Fernandes, filha de Celino, presidente da associação quilombola de Cedro, foram representados criminalmente pelo delegado de Arari Alcides Martins Nunes Neto, denunciado pela promotora Lícia Ramos Cavalcante Muniz, e aceita pelo juízo, Luiz Emilio Braúna Bittencurt Júnior, tendo a época ficado presos por mais de 70 (setenta) dias no Presídio Regional de Viana;

4 – Há muito tempo a comunidade Cedro, principalmente os lavradores assassinados, haviam denunciado aos órgãos do estado, Delegacia de Polícia, Ministério Público, ITERMA, INCRA, IBAMA, SEMA, SEDIHPOP, o conflito agrário envolvendo a comunidade e a família da desembargadora Ângela Salazar, que cercam os campos públicos para criação de gado bubalino, inclusive com cercas elétricas, local de onde os moradores retiram o sustento de seus familiares, por meio do pescado e da criação de animais;

5 – Essa política deliberada das autoridades de Arari de criminalizar as lideranças sociais, com representações criminais, inquéritos policiais, denúncias, decisões judiciais favoráveis ao latifúndio, tem servido apenas para deixar ainda mais vulneráveis as lideranças sociais, que legitimamente lutam pelos seus territórios;

6 – O governo Flávio Dino, tem as mãos sujas de sangue dos povos da terra, camponeses, quilombolas e ribeirinhos que brutalmente são assassinados no Maranhão. Até agora, o governo nada fez para solucionar o conflito, muitos menos expulsou os grileiros de terras públicas da baixada ocidental maranhense;

7 – Não temos dúvidas que essa exposição das lideranças termina por chancelar e encorajar particulares e seus pistoleiros a fazerem a vingança com as próprias mãos, forma de criar uma cortina de fumaça sobre o verdadeiro conflito: a luta pela terra;

8 – Sabemos que o verdadeiro objetivo dessas mortes e ameaças é criar um clima de medo nas comunidades e suas lideranças a não continuarem a luta, esses matadores de aluguel apenas cumprem o restante do trabalho já iniciado pelas autoridades, de criminalização de lideranças, os pistoleiros se acham no direito de eliminá-los;

8 – Assim, EXIGIMOS dos órgãos públicos e do governo do estado do Maranhão a imediata elucidação desses bárbaros crimes, sejam os autores processados e ao final condenados às penas das leis brasileiras;

9 – Por fim, queremos manifestar nosso pesar a todos os familiares e a comunidade de Cedro por esta imensa dor que todos passam, bem como, manifestar nossa total solidariedade.

Arari, 5 de janeiro de 2020.

Movimento Fóruns e Redes de Cidadania