Publicamos, abaixo, um relato da delegação brasileira de sindicalistas que esteve no Equador para construir o ElacA delegação da Conlutas, composta por oito camaradas de diversos sindicatos, em visita ao Equador, encontrou a população desse país em pleno debate sobre a Constituinte. Esta foi a saída encontrada por Rafael Correa para arrefecer o ânimo de luta da população equatoriana.

No país que, em dez anos, derrubou três presidentes, a discussão sobre a Constituição está nas ruas. A população acompanha com expectativa e em compasso de espera. Alguns dos principais temas discutidos são se a Constituição será laica ou se constara o nome de Deus; se permanecem ou não os contratos de trabalho terceirizados e toda a precarização; se a base militar americana na cidade de Manta vai continuar ou se rompe-se o contrato e se manda de volta os soldados americanos.

Outra discussão fundamental desta Constituinte, que traz inquietude no povo, é sobre o contrato da Petrobras, para exploração de petróleo. Como na Bolívia, a Petrobras tem um contrato leonino e fraudulento com o Equador. Explora o petróleo e o povo equatoriano.

Ataques militares
A população quer e luta para que a Petrobras deixe a região amazônica, onde possui vários poços de petróleo. Entre todos estes temas, outro debate que toma conta das páginas dos jornais e das conversas, é o ataque da Colômbia às Farc em território equatoriano.

Nesta semana, caiu toda a cúpula militar: o ministro da defesa e os três comandantes das Forças Armadas. Como se não bastasse tudo isso, acompanhando a tendência da falta de alimentação que assola o mundo, o milho, base da alimentação do povo equatoriano, teve um vertiginoso aumento de preço.

Construindo o Elac
Foi nesta conjuntura que a delegação da Conlutas, desembarcou no Equador para divulgar o Encontro Latino-Americano de Caribenho de Trabalhadores (Elac). Em Quito, capital do país, fomos recebidos por vários sindicatos de trabalhadores, como a poderosa Federação dos Trabalhadores Petroleiros (Fetrape) e todos os seus sindicatos filiados. Também pelo Sindicato dos Trabalhadores em Eletricidade e pelo Sindicato dos Servidores Públicos da Província. Nestes dois últimos, além de discutir com sua direção, falamos com os trabalhadores numa reunião.

Ainda em Quito, realizamos palestras nas universidades Central, Politécnica Nacional e Andina. Na Andina, o debate contou com a participação dos representantes dos petroleiros e de intelectuais do Equador e foi sobre o tema da exploração do petróleo e do Brasil como submetrópole na América Latina.

Como as tarefas eram muitas, a delegação se dividiu em três para procurar cumprir todas. Três companheiros foram à região da floresta amazônica equatoriana, onde fizeram reunião com o Sindicato dos Trabalhadores Terceirizados das Indústrias Petroleiras. Visitaram os campos de exploração de petróleo e trabalhadores. Entre eles, o campo Libertador de Exploração da Petroequador e o chamado Bloco 18, explorado pela Petrobras.

A delegação se reuniu, ainda, com a comunidade de índios Cofanes e com uma combativa entidade chamada Acción Ecológica. Ali, a delegação pôde constatar o papel que cumpre a transnacional, disfarçada de verde e amarelo no Equador.

Outra delegação foi à Cidade de Cuenca, onde se reuniram com a Federação Livre de Trabalhadores de Azuay, com o comitê de empresa da fábrica de pneus e com trabalhadores terceirizados em luta, além de realizar palestra na universidade sobre a situação política dos trabalhadores latino-americanos.

Ainda em Quito, dois companheiros distribuíram o panfleto do Sindicato dos Metalúrgicos de São Jose dos Campos na fábrica da General Motors, onde a totalidade dos trabalhadores da produção é terceirizada. O material denuncia os ataques que os trabalhadores da GM no Brasil estão sofrendo e chama a unidade de todas as plantas da GM no mundo. Uma reunião com a direção do Sindicato dos Trabalhadores da GM de Quito aprofundou a discussão e poderá ser o início de um trabalho conjunto.

Nas reuniões e palestras que fizemos, a proposta de um Encontro Latino Americano e Caribenho de Trabalhadores para organizar a luta comum foi muito bem recebida. O tema da unidade dos lutadores do continente tem grande apelo entre os ativistas, pois se sente esta necessidade. Por isso, a criação de uma coordenação de luta está na ordem do dia.

Por aqui, denunciamos também as atrocidades das tropas da ONU no Haiti, comandadas pelo Brasil. A solidariedade ao povo haitiano e o repúdio aos “capacetes azuis” foi unânime.

Deixamos o Equador com a certeza de ter estreitado laços com a classe trabalhadora deste país-irmão e na certeza de que nos encontraremos nos dias 7 e 8 de julho em Betim, no Elac.

Desde os Andes, na metade do mundo,
Delegação da Conlutas, Brasil