Assembléias de base passam por cima das direções e rejeitam acordoAs últimas semanas deixaram claro que existe uma revolta da base petroleira contra a política governista da FUP (Federação Única dos Petroleiros), dirigida por PCdoB e Articulação/PT. A campanha salarial da categoria, iniciada em setembro, desde o início teve uma divisão. Foram formadas duas mesas de negociação, uma com a direção da FUP e outra com o bloco de oposição ligado à Conlutas, o BASE (Bloco Alternativo Sindical de Esquerda).

No dia 17 de outubro, durante a sétima rodada de leilão das reservas petrolíferas, houve uma forte paralisação da categoria, encabeçada pela oposição. A FUP resolveu, então, chamar um indicativo de greve por tempo indeterminado para 17 de novembro.
Entretanto, a Petrobras apresentou uma contra-proposta que fez a FUP recuar de seu próprio indicativo. A direção da FUP começou a fazer todo tipo de manobra para desmarcar a greve. Isso gerou uma crise e uma forte revolta na base da categoria, provocando rupturas em várias assembléias.
Em Campinas, onde o sindicato petroleiro é dirigido pela Articulação, a assembléia da categoria votou contra a assinatura do acordo e seis diretores romperam com o restante da diretoria, indo para a assembléia defender contra o acordo.
Em Santos, a Articulação também perdeu a assembléia. A base votou contra a assinatura do acordo. Aproveitando o momento, os trabalhadores também resolveram aprovar a ruptura do sindicato com a CUT e parar de pagar a FUP.

Uma nova direção
Esses são alguns exemplos de uma forte rebelião da base petroleira contra suas direções governistas. Em todo o país, mesmo com muitas assembléias sendo fraudadas, há quase 50% da base votando contra a assinatura do acordo, mostrando uma clara divisão da categoria. Essa ruptura deve se aprofundar no próximo período. Nos próximos 60 dias, os petroleiros discutirão sobre o seu Plano de previdência Petros. Além disso, há o desafio de tirar um grande número de delegados ao Conat, tarefa que está associada à necessidade da construção de uma alternativa de direção à FUP.

O BASE está convocando reuniões para discutir a construção dessa alternativa. No dia 3 de dezembro, haverá reuniões em Aracaju, com ativistas da região Norte e Nordeste, e no Rio de Janeiro. É hora de transformar essa divisão da categoria, essa rebelião de base, numa alternativa concreta, fortalecendo a oposição e a Conlutas em petroleiros.

Post author Yara Fernandes, da redação
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