Membros do Exército Livre da Síria

Batalhas entre o Exército Livre da Síria e as forças do ditador se dão rua por rua na capital DamascoA crise da ditadura de Bashar al Assad se aprofunda diante da intensificação da insurreição armada contra seu governo através de uma nova ofensiva iniciada no último dia 15. Os combates, antes restritos a cidades como Homs ou Hama, redutos dos rebeldes, já atingem a capital Damasco e, neste dia 18, fez duras baixas na cúpula militar do ditador sírio. A ditadura da família Assad já perdura há 46 anos no país.

Um atentado da oposição matou quatro membros do alto escalão das Forças Armadas sírias, entre eles o ministro da Defesa e general Dawould Rajh e o também general Assef Shawkat, cunhado de Assad e ministro do Interior. Os membros do Estado Maior do Exército sírio foram mortos pela explosão de uma bomba durante uma reunião no prédio da Segurança Nacional.

O governo afirma ter se tratado de um atentado suicida, mas o Exército Livre da Síria (ELS), que reivindica o ataque, informou que plantou o explosivo no local. Seja qual o método utilizado pelos rebeldes, fica claro que ele só pôde ser realizado com o apoio de pessoas próximas ao regime, o que indica o avanço de divisões no seio da ditadura de Assad. As defecções em massa das fileiras do Exército já indicavam essa tendência.


Vídeo postado pelos rebeldes no último dia 15

Os confrontos entre os rebeldes e as forças do ditador sírio, que se concentravam no Distrito de Midan, no sul de Damasco, já tomaram grande parte da capital, segundo relatos, aproximando-se do Palácio de Bashar. A luta pelo controle da capital se dá agora rua por rua. Não se sabe se Assad continua em Damasco ou se refugiou na cidade de Latakia, de maioria alauita (mesma corrente muçulmana de Assad) e situada no noroeste do país. “Latakia será Sirte de Bashar”, diziam os rebeldes nas redes sociais, segundo o jornal espanhol El Pais, referindo-se ao destino do ex-ditador líbio Muammar Kadafi.

Resistência se fortalece
A morte do general Rajha foi o golpe mais duro sofrido pela ditadura de Assad desde o início da revolta, há 16 meses. O ministro da Defesa era quem controlava a polícia política de Bashar e as principais divisões do Exército sírio. A ditadura tenta ao máximo transparecer normalidade, nomeando um novo ministro da Segurança, Fahad Al-Freij, que apareceu na TV estatal nesse dia 19 sendo empossado pelo próprio Assad, mas não é capaz de reverter a percepção de que o regime se desmorona rapidamente. Os rebeldes já controlariam as principais fronteiras do país.

Desesperadas ante o avanço dos soldados rebeldes, as forças de Assad recrudescem a repressão contra os opositores e a população do país. Estima-se que o número de mortes já tenha chegado a 17 mil desde o início da revolta. Só neste dia 19, teriam morrido 250 pessoas. Tanques e helicópteros do exército estariam bombardeando posições rebeldes em plena área urbana da capital, enquanto relatos dão conta de verdadeiras matanças executadas a sangue frio pelos soldados de Assad.

A brutal repressão de Assad não está sendo capaz, porém, de conter o avanço do Exército Livre da Síria. Apesar de contar com visível inferioridade bélica, os rebeldes têm o apoio da população síria e, em Damasco, jovens armam barricadas nas ruas para impedir a passagem das forças de Bashar, que pode estar vivendo seus últimos momentos como ditador.

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