LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

Antônio Maria da Costa Tonga e Amílcar Costa, de Lisboa

A ditadura do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem à frente João Lourenço, mostrou sua cara repressiva contra a manifestação desse dia 11 de novembro, marcada simbolicamente no dia em que se comemora a Independência Nacional. Com isso caiu a máscara deste governo que tenta se apresentar como um regime diferente de seu antecessor, Jose Eduardo Santos, conhecido pela repressão e a corrupção generalizada, para continuar a conseguir os contratos, benesses e empréstimos dos países estrangeiros, particularmente europeus.

Já na manifestação de 24 de outubro passado houve uma brutal repressão. Foram presas cerca de 103 pessoas, entre eles 6 jornalistas.

Nesse dia 11, os manifestantes se concentraram nas imediações do Cemitério da Santa Ana, em Luanda, onde começaram a ser reprimidos pela polícia, atacados com granadas de gás lacrimogêneo e golpeados com cassetetes pelas forças antimotim. Com isso, os manifestantes tiveram que se deslocar para a zona do Palanca. Nesta repressão o ativista Nito Alves, um dos organizadores, foi ferido e levado para uma unidade hospitalar, Hospital Américo Boavida. A polícia tentou invadir a o hospital para prendê-lo, mas foi impedida pelos manifestantes que o acompanhavam. Nito Alves já é conhecido pelo governo e pelos ativistas por ter feito parte do grupo de “14 + 2” em 2015, quando foram presos acusados de conspiração para derrubar o governo, e realizaram uma longa greve de fome na prisão.

A utilização intensiva de gás lacrimogéneo afetou os moradores da região havendo desmaios entre estes, inclusive de crianças. Enquanto isso o ditador João Lourenço inaugurava o Hotel Luanda Miramar, uma das maiores e mais luxuosas unidades hoteleiras do País, localizado no Miramar, para receber os turistas, principalmente da Europa.

O comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, já tinha anunciado que a repressão seria forte e que o ato estava proibido pelo Governo Provincial de Luanda. Mas os manifestantes não se intimidaram e realizaram a manifestação contra a ditadura, o desemprego e o elevado custo de vida. Divididos em pequenos grupos se dispersaram em vários pontos da cidade.

O governo do MPLA em Angola é semelhante aos governos de matiz castro-chavista como Maduro na Venezuela e Ortega na Nicarágua, que no passado chegaram a estar à frente das lutas dos trabalhadores e do povo mais pobre mas que ao chegarem ao poder constituíram uma nova burguesia parasitária do aparato do Estado burguês que para manter no poder utiliza a violenta repressão contra o movimento de oposição.

A juventude angolana não aguenta mais a fome, miséria e falta de perspectiva de vida a qual é condenada pela ditadura do MPLA que privilegiou o surgimento de uma nova burguesia no pais, simbolizada por Isabel dos Santos, filha do ex-presidente e mulher mais rica de Angola, sob a superexploração e o sangue da maioria da população.

Por isso estão indo às ruas para se manifestar e protestar, no entanto, o grande desafio que tem pela frente é construir uma organização revolucionária dos trabalhadores que coloque como meta a derrubada desta ditadura e a constituição de um governo realmente dos trabalhadores que possa satisfazer as necessidades da população mais carente.

A juventude Angola se une às mobilizações de seus irmãos na Nigéria, Sudão e África do Sul para conseguir uma vida melhor para o seu povo.

Nesta luta os trabalhadores brasileiros e portugueses estão solidários e ao lado dos seus irmãos angolanos e farão de tudo que está a seu alcance para os ajudar nesta luta. Se exige que todas as entidades e organizações que se reivindicam democráticas se pronunciem contra esta repressão brutal da ditadura, em particular as organizações que reivindicam seus vínculos com os trabalhadores, como o PSOL e o PT no Brasil e Bloco de Esquerda em Portugal. Além disso os sindicatos e as centrais sindicais devem se pronunciar exigindo liberdades democráticas em Angola e o fim da ditadura.

Abaixo a ditadura do MPLA!

Liberdade para o povo de Angola!

Pela construção de uma Organização Revolucionária dos Trabalhadores!