Cartaz do filme
Divulgação

Em cartaz em cinemas de todo o país, o filme Distrito 9 traz a inovadora história de ficção científica sobre um grupo de alienígenas cuja nave fica presa sobre a cidade de Johanesburgo, na África do Sul.

Logo de cara, o local escolhido não é o batido “centro da civilização ocidental = Nova York” que vemos em tantos outros filmes, mas sim uma cidade pobre, violenta e do Hemisfério Sul. Depois, temos atores e diretores pouco ou nada conhecidos, apesar da produção ser do famoso Peter Jackson (diretor da trilogia Senhor dos Anéis), cujo trabalho excelente não deixa dúvidas acerca da capacidade do cinema sul-africano.

Porém a grande novidade do filme está no excelente roteiro, que conseguiu criar uma atmosfera de clara alusão a diversos problemas da humanidade, em especial das grandes cidades pobres. Ao invés de encontrarmos alienígenas inteligentes e sadios, ainda que muitas vezes belicistas, temos nesse filme uma legião de famintos “camarões” cuja nave não consegue voltar para casa.

Aí começa o processo de acondicionamento deles para o citado Distrito 9, um inferno criado para entulhar os aliens numa solução de continuidade que remete automaticamente à favelização. Como não podia deixar de ser, nesse contexto surgem diversos problemas, dentre eles o tráfico de drogas e armas, a prostituição e, fundamental, a segregação. O próprio termo “camarão” é pejorativo no contexto, e nós, evidentemente, nem precisamos fazer um paralelo com tantos exemplos da nossa própria realidade.

Toda a trama se desenvolve ao redor da personagem Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), cujo trabalho na MNU (sigla para “Multinacional Unida”, clara alusão à ONU) é coordenar a remoção dos “camarões” para o Distrito 10, situado fora da cidade. Durante esta ação ele acaba contaminado com uma substância que inicia uma metamorfose gradativa em seu corpo, a começar pelo braço. Evidentemente, ele passa a ser cobiçado por seu inestimável valor genético e, pior, por passar a ter a capacidade até então inédita para os humanos do filme de manusear as poderosas armas alienígenas.

À medida que o corpo de Wikus vai se metamorfoseando, é impossível não fazer um paralelo com o célebre livro A Metamorfose, de Kafka, já que ambos os protagonistas sentem o drama de serem tratados como párias por causa das suas transformações. Da mesma forma, o filme toca fundo quando trata da brutalidade do sistema, que faz experiências genéticas com os “camarões” às escondidas do público e tem na violência sua única alternativa de sustentação.

Enfim, trata-se de um ótimo roteiro original filmado muito competentemente, na busca por retratar temas que, infelizmente, todos nós conhecemos tão bem.

FICHA TÉCNICA:
Título original: District 9
Gênero: ficção científica
Duração: 112 min
Ano de lançamento: 2009
Direção: Neill Blomkamp
Roteiro: Neill Blomkamp e Terri Tatchell
Montagem: Julian Clarke
Produção: Peter Jackson
Música: Clinton Shorter
Fotografia: Trent Opaloch
Direção de arte: Emilia Rioux
Efeitos especiais: Weta Digital, XYZ-RGB, The Embassy e Image Engine Design
Elenco: Sharlto Copley (Wikus Van De Merwe), Jason Cope (Grey Bradnam), Nathalie Boltt (Sarah Livingstone), Sylvaine Strike (Dra. Katrina McKenzie), Elizabeth Mkandawie (Entrevistadora), John Summer (Les Feldman), William Allen Young (Dirk Michaels), Greg Melvill-Smith (Entrevistador), Nick Blake (François Moraneu)

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