Inicia hoje, 1º de fevereiro, às 15h, as eleições para a presidência da Câmara de Deputados e para outros 10 cargos da Mesa Diretora. O presidente da Câmara é o terceiro cargo de maior poder na hierarquia do governo, ficando atrás apenas do vice-presidente e do próprio presidente. Daí o interesse e o vale-tudo nas campanhas ao posto.

De um lado, Arlindo Chinaglia (PT) e Aldo Rebelo (PCdoB) representam a base governista fragilizada pelas disputas internas. A eleição de Aldo gerou enfrentamento entre os dois partidos que caminham de mãos dadas na economia e na política. De outro lado, Gustavo Fruet (PSDB), da oposição burguesa, tenta levar as eleições ao segundo turno. Nas negociatas e na formação de blocos vale qualquer coisa para garantir os melhores lugares na distribuição dos cargos.

Além da presidência, serão eleitos os nomes para outros 10 cargos na Mesa da Câmara. Segundo o regulamento da casa, eles são distribuídos proporcionalmente ao tamanho das bancadas ou dos blocos, no caso de conformação de alianças.

Foi por isso que PT e PMDB se uniram para compor o maior bloco, com uma maioria de ampla vantagem: 273 deputados. O acordo foi articulado por João Paulo Cunha (PT), que volta à cena após ter ficado nos bastidores em função de seu envolvimento no “mensalão”.

Para atrair os peemedebistas, o PT cedeu dois cargos na mesa, entre eles o da primeira secretaria, que decide sobre a criação de cargos e obras. Além desses dois partidos, fazem parte do bloco, ainda, PSC, PTC, o PTdoB, PP, PR (fusão entre PL e Prona) e PTB. Os três últimos estiveram envolvidos nos escândalos de corrupção em 2005. No loteamento governista, o corrupto PR ficará, ironicamente, com a Corregedoria, instância que investiga parlamentares.

O vale-tudo não pára por aqui. PCdoB se aliou a PDT, PSB, PAN e PMN, formando uma frente com 68 deputados. Já o PSDB reuniu 153 parlamentares na aliança com PFL e PPS. As alianças não significam uma transferência dos votos para os candidatos à presidência, já que o voto é secreto e o congresso formado por picaretas, que vendem seu voto da mesma forma que compram os da população para se elegerem. Apenas o preço é que é diferente…

Tampouco os blocos seguirão após a eleição. Parlamentares de ao menos um dos blocos já admitiram que este não se manterá sequer até o carnaval. O que comprova que o que está em jogo é o loteamento de cargos e a distribuição de ministérios. O deputado Gedel Vieira Lima (PMDB-BA) foi flagrado pelo jornal Folha de S. Paulo nos corredores da Câmara pedindo voto para Arlindo Chinaglia (PT). Ele dizia ao também deputado Davi Alcolumbre (PFL-AP) que será ministro caso o petista ganhe e poderia ajudá-lo no futuro.

Lula, que vê sua base rachada nesse momento, não quer perder apoio seja de quem for. Não é à toa que já adiou a reforma ministerial, que será feita somente após o Carnaval e, portanto, após a eleição. E tem enviado emissários para evitar que o tensionamento entre os blocos e principalmente entre PT, PCdoB e PSB, venha a impedir a unidade da base do governo no futuro, fundamental para aprovar as reformas e prosseguir com os ataques aos trabalhadores e o povo.