As greves do BB e CEF mostram força no país inteiro. Foi no corre-corre dos piquetes que conversamos com dois companheiros que estão na liderança da greve no Rio e em Brasília. Eles falam sobre a greve, sobre a luta contra a “operação desmonte” das direções sindicais governistas e sobre o papel do governo nesse processo.

CYRO GARCIA,
funcionário do BB, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e militante do PSTU.

“A política das direções sindicais é equivocada, eles estavam pressionados pelo governo e sua política econômica de assegurar o superávit primário e arrocho salarial e por isso defenderam um acordo extremamente rebaixado, aquém da disposição de luta da categoria.
A proposta apresentada pela direção do BB e da CEF é ainda mais rebaixada do que a proposta da FENABAN e impõe a continuidade do arrocho salarial. Depois de fazerem uma reunião com a comissão de empresa dos funcionários (também governista), a direção majoritária sindical aceitou a proposta do BB. E indicaram para as assembléias de base a sua aprovação. Foram derrotados nas assembléias do país inteiro. Os bancários deram uma verdadeira bofetada na cara das comissões de empresa dos funcionários e na direção sindical majoritária. A disposição de luta é grande, os bancários não podem mais conviver com o arrocho salarial”.(…)

SILVIO SOARES FILHO,
delegado sindical do BB Brasília e membro do Comando local greve.

“Houve muita pressão dos bancários em cima do sindicato, que não queria nem fazer assembléia por conta da sua relação com a diretoria dos bancos. A pressão da base forçou o sindicato a chamar as assembléias. Nas assembléias, porém, a direção do sindicato foi derrotada pela base. O sindicato não queria realizar a paralisação de 24 horas no dia 18/9 mas perdeu.
A categoria percebeu, nas assembléias, que as pessoas que compõem o sindicato e a comissão de empresa dos funcionários eram das mesma correntes – Articulação Sindical e CSC (PCdoB) – dos diretores da empresa.
Por essa razão, antes mesmo de iniciar a greve a comissão de empresa dos funcionários, responsável pela negociação, foi destituída pela base.
Temos que dar continuidade à luta contra a direção do BB e também contra a direção do sindicato para darmos seqüência a greve. A direção sindical e do BB vão tentar desmontar a greve.
Por outro lado, a categoria começa a fazer uma experiência com o governo Lula, no qual depositavam muitas esperanças, mas agora começam a ver que ele quer manter o arrocho”.

Post author Jeferson Choma,
da redação
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