Leia a íntegra da carta na qual os estudantes explicam os motivos da saída e apontam o PSTU como embrião de um novo partido revolucionário:

Porque rompemos com a UJS/PC do B

Toni Frank Britto dos Santos*
Rosa Bianca Mello Di Túllio*

São nos momentos de crise que as questões ficam mais nítidas e um pensamento dialético pode desenvolver-se com mais facilidade, analisando as conjunturas e vislumbrando possibilidades concretas. A esquerda brasileira vive já há algum tempo uma crise de identidade ideológica, onde se propõe a humanização do capitalismo e a aliança capital-trabalho. Essa crise mostra-se de maneira mais clara no processo eleitoral em curso: não existem mais princípios, os principais partidos da classe operária caíram na sedução do Parlamento, capitularam ao jogo de interesses das elites políticas nacionais e formalizaram alianças esdrúxulas e acordos imorais.
É neste quadro que entra o PC do B, onde identificamos uma tentativa de oficializar a degeneração ideológica abrindo os caminhos do partido para a social-democracia que se propõe a ser alternativa de gerenciamento do Estado burguês. Neste sentido, não podemos esquecer o papel decisivo do partido na sustentação dos governos Fernando Collor em Alagoas, Mão Santa no Piauí, Roseana Sarney no Maranhão e Pirillo em Goiás. As denúncias que fazíamos nas instâncias partidárias sobre o afastamento do partido dos princípios marxistas-leninistas e da luta revolucionária não foram suficientes…
O caminho institucional adotada pelo PC do B é um dos fatores que contribuem para a sua crescente degeneração ideológica, constituindo uma militância burocrática que, por vezes, aborta processos de luta mais radicais e conseqüentes, como aconteceu, em Salvador, nas chamadas “Jornadas de Maio”.
A UJS, organização dirigida política e ideologicamente pelo PC do B, transformou-se em um espaço de vícios que reproduzem-se na concepção utilitarista e aparelhista que a mesma desenvolve no movimento estudantil. O desnivelamento da consciência política, o centralismo artesanal, a inexistência de democracia interna, as práticas mandonistas e autoritárias afastaram muitos prestimosos militantes que perceberam que o ideal revolucionária da entidade se mostrava apenas no discurso e não na prática, ou ainda são rechaçados pela direção da entidade por possuírem posturas muito agressivas.
A cada vez mais rápida capitulação do PC do B às tendências social-democratas traduz-se nas práticas dessa corrente no movimento social, na vida política do Brasil e não convence o argumento de partido de feições modernas.
Não pode haver conciliação com a burguesia, posto que nossos interesses são contraditórios, sustentamos que a revolução socialista, em nosso país, necessita de um partido revolucionário que enfrente o Estado burguês. Não há possibilidade de resolução dos problemas de nosso país sem a ruptura com o imperialismo.
A saída é uma nova organização de revolucionários e acreditamos que o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) pode ser o embrião desse novo partido.

Saudações à revolução,

Toni Frank Britto Santos – Coord. Geral do DCE da Universidade Católica do Salvador

Rosa Bianca Mello Di Túllio – Dir. de Comunicação e Imprensa do DCE da Universidade Federal da Bahia