Zé Batista ficou quase dois dias na cela da Superintendência da Polícia Civil. Prisão foi forma de coibir greves marcadas para próxima semana
O dirigente da Coordenação da CSP-Conlutas no Ceará e do PSTU, Zé Batista, foi detido de forma arbitrária na manhã dessa quarta, 24, em Fortaleza (CE). Ele foi preso enquanto apoiava uma paralisação dos rodoviários na cidade. A categoria está em estado de greve desde o dia 20 de junho, quando aprovou a paralisação diária dos terminais durante 2 horas até que as reivindicações fossem atendidas.
Nessa quarta, a polícia tentou conter a mobilização quando os trabalhadores paralisavam o terminal de ônibus Papicu. Zé Batista estava no carro de som explicando à população os motivos da paralisação quando um policial pediu que ele mudasse o local do carro. No momento em que o dirigente retirava a Kombi, outro policial deu voz de prisão. Zé Batista foi levado à Superintendência da Polícia Civil e acusado de crime contra a organização de trabalho.
Nessa quinta, sindicatos e ativistas realizaram uma manifestação pela libertação do dirigente. Uma campanha pelas redes sociais também exigiu a sua liberdade. Zé Batista ficou detido até o início da noite, quando foi liberado mediante fiança.
Da delegacia foi direto para a assembleia da construção civil, que aprovou greve a partir do dia 1º de julho.
Intimidação
Zé Batista é uma reconhecida liderança operária no estado, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Fortaleza e Região e a sua prisão teve caráter político num momento em que importantes categorias da região se mobilizam e preparam greves para a próxima semana. “Ele foi preso porque os trabalhadores decidiram enfrentar os cortes e ataques do Governo Federal e os seus próprios patrões“, afirma o presidente nacional do PSTU, Zé Maria.
Além dos rodoviários e dos trabalhadores da construção civil, os vigilantes também ameaçam cruzar os braços no dia 1º. A tentativa de intimidação, porém, não deu certo e a prisão só gerou ainda mais indignação. “Quero dizer a vocês que em nenhum momento abaixei minha cabeça e desanimei, vou junto com vocês construir a greve da categoria e a luta da classe trabalhadora“, afirmou muito emocionado Zé Batista aos operários da construção civil.