Didier Dominique na entrada da V & M
Geraldo Silva

O dirigente da organização sindical e popular haitiana Didier Dominique participou na sexta-feira, dia 19 de junho, de panfletagem na siderúrgica Vallourec & Mannesmann (V & M), em Belo Horizonte.

Além da panfletagem os dirigentes que se revezavam no carro-de-som para pedir a solidariedade dos metalúrgicos com a luta do povo haitiano contra a ocupação das tropas da ONU lideradas pelo Exército brasileiro.

Durante a manifestação, foi denunciada também a recente repressão às lutas dos estudantes e trabalhadores pelo aumento do salário mínimo. As forças da ONU assassinaram e prenderam diversos ativistas.

A reação dos trabalhadores foi muito positiva. Os companheiros liam o panfleto dos Metalúrgicos da Conlutas e paravam para ver os quadros com imagens do Haiti que estavam expostos no local. O fundamental foi desmascarar as mentiras do governo e da mídia que dizem que as tropas estão em ação humanitária.

Tropas de repressão
As tropas da ONU estão no Haiti desde 2004 quando, a pedido do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, diversos países enviaram soldados. Os EUA estavam e estão empantanados no Iraque e no Afeganistão e, portanto, não tinham condições de abrir mais uma frente de batalha. Lula, e outros presidentes da América Latina, que se dizem de esquerda como Evo Morales, da Bolívia, e Michelle Bachelet, do Chile, mantêm tropas naquele país.

São muitas e graves as denúncias das ações das tropas da ONU contra a população haitiana. Desde massacres em favelas até repressão às greves, além de estupros, comprovam que essas são tropas de repressão. A chamada ajuda humanitária em nada tem ajudado o povo haitiano. Ao contrário, os salários estão congelados desde 2003, aprofundando a miséria.

As tropas têm servido para proteger os interesses das grandes empresas transnacionais instaladas no país, como as indústrias têxteis norte-americanas. Também estão garantidos investimentos da burguesia brasileira naquele país, como no álcool.

Solidariedade internacional ativa
Dirigentes de diversas categorias participaram da atividade: metalúrgicos da Oposição Metalúrgica de BH/Contagem, Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, metalúrgicos de Itaúna, trabalhadores da saúde de BH e região (Sindeess), professores de Contagem (SindUTE), servidores da saúde de Contagem (SindSaúde) e a Conlutas.

Fica claro, cada vez mais, a necessidade de estreitar os laços internacionais entre os trabalhadores de todo o mundo. O ato denunciou também as demissões na V & M, em torno de 600, e o ataque a direitos como a implantação do banco de horas, fruto da crise econômica mundial, além das outras 40 mil demissões em toda categoria metalúrgica de Minas Gerais.

Os ataques contra os trabalhadores são os mesmos em todo o mundo: demissões, retiradas de direitos e rebaixamento de salários. No Haiti, a situação se agrava com a ocupação assassina das tropas da ONU.

Após a panfletagem na V & M, Didier Dominique seguiu com uma delegação da Conlutas para os acampamentos de sem-teto Dandara, que tem mais de mil famílias, e Camilo Torres, com 200 famílias. O sindicalista haitiano também participou de audiência na Câmara Municipal de Belo Horizonte e de uma reunião com professores da rede municipal. À noite, ele fez uma palestra no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (SindiBel).

*Geraldo Silva é membro da Oposição Metalúrgica de BH/Contagem e diretor da Federação Metalúrgica-MG