Em meio a uma série de conflitos trabalhistas na região de Jacareí (SP), o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (CONLUTAS) José Gonçalves Mendonça sofreu grave ameaça na manhã desta quarta-feira, dia 28.

Logo após deixar a fábrica da Inox, onde os trabalhadores estão acampados contra atraso nos salários e direitos, Mendonça foi abordado por três homens encapuzados e armados, mandando-o deixar a região dentro de três dias ou iriam “sumir” com ele. Os bandidos ressaltaram que o dirigente sindical estava “falando demais” e, ao final das ameaças, disseram que Mendonça não deveria falar sobre o fato para a diretoria do Sindicato.

O diretor estava no carro do Sindicato dos Metalúrgicos, na Rodovia Presidente Dutra, sentido Jacareí – São José dos Campos. Os bandidos estavam num carro Voyage verde e mantiveram-se em movimento, lado a lado com o carro do diretor sindical.

Mendonça registrou Boletim de Ocorrência nº 13809, por ameaça, no 3º Distrito Policial de São José dos Campos. O caso foi registrado pelo delegado Fábio Cesnick.

O Sindicato dos Metalúrgicos também vai entrar com uma representação junto ao Ministério Público do Trabalho, para que seja oficiado ao Ministério Público Federal o pedido de investigação do caso.

Escalada de violência
Para o Sindicato dos Metalúrgicos, não há qualquer dúvida de que esta ameaça faz parte da escalada de violência contra a organização dos trabalhadores que vem tomando conta da região e de todo o país.

Este ano, o Sindicato já presenciou diversos casos de agressão, repressão e violência contra a classe operária, inclusive em Jacareí, área de atuação do diretor José Mendonça.

Somente naquela cidade, foram duas tentativas de se frear a luta dos trabalhadores.

Ontem, na Inox, os funcionários foram impedidos pela Polícia Militar de entrar na fábrica, a mando do administrador Eduardo Zinezi, que disputa com o pai, o proprietário Waldemar Zinezi, o controle da empresa.

Pouco antes do atentado, Mendonça estava na unidade com os trabalhadores, que estão acampados no local. Há meses, a empresa acumula dívidas com seus funcionários e numa decisão judicial, no último dia 22, o Ministério Público do Trabalho, havia determinado que uma comissão de sete trabalhadores assumiria o controle da empresa até que todas as dívidas fossem quitadas.

Na Schrader, a empresa está coagindo os trabalhadores a assinarem acordo individual para redução de salários, sob ameaças de demissão.

Em São José dos Campos, a GM demitiu recentemente um diretor sindical, logo após uma paralisação contra as demissões realizadas pela montadora.

“Todas essas ações mostram a escalada de violência e a tentativa de criminalização contra as lutas dos trabalhadores e sua organização sindical.. Mas nós não vamos nos intimidar. Esse tipo de ataque só mostra o quanto a força dos trabalhadores assusta os patrões. Vamos resistir, sempre, a toda forma de agressão”, afirma o presidente do Sindicato, Adilson dos Santos, o Índio.