Torturas, prisões arbitrárias, assassinato de civis inocentes e muitas outras barbáries. Essa é a rotina que os EUA impõem ao IraqueUma das desculpas dadas pelos norte-americanos e seus aliados para invadir o Iraque foi que os “direitos humanos” do povo estavam sendo atacados pelo regime de Saddam. Hoje, a profunda hipocrisia imperialista fica demonstrada ao ver que, dois anos depois da invasão, as tropas invasoras utilizam métodos de extrema crueldade, que violam de modo sistemático e generalizado os “direitos humanos” desse povo, para quebrar sua disposição de luta.

A ocupação está promovendo um verdadeiro genocídio
Oficialmente, os norte-americanos reconhecem mais de 100 mil vítimas civis iraquianas, apesar dos observadores independentes considerarem que há muito mais. Os militares americanos chamam cinicamente isso de “prejuízos colaterais”, isto é, efeitos “não desejados”, das ações militares. É uma grande mentira! Na verdade, as tropas invasoras atacam e matam civis como método permanente.

Vejamos, por exemplo, o que ocorreu durante o cerco, e a invasão da cidade sunita de Faluja, em 2003: “Durante a segunda semana de cerco, entraram e anunciaram que todas as famílias tinham de abandonar suas casas e reunir-se em uma esquina da rua levando uma bandeira branca. (…) uma família de 12 pessoas ouviu a instrução, e saíram com todo alimento e dinheiro que podiam carregar, além das bandeiras brancas. Quando chegaram na esquina onde estavam as outras famílias, ouviram alguém gritando: ‘Agora!’, em inglês, e os tiros começaram por todos os lados. Toda a família carregava bandeiras brancas, como havia sido ordenado, segundo o jovem que deu esse testemunho. Mas viu como sua mãe e seu pai eram atingidos pelos franco-atiradores: sua mãe, na cabeça, e seu pai, no coração. Suas duas tias morreram e seu irmão levou um tiro no pescoço. O homem declarou que, quando se levantou do chão para pedir ajuda, levou um tiro nas costas. Algumas horas depois, levantou o braço pedindo ajuda e levou um tiro no braço. Um tempo depois, levantou a mão e levou outro tiro. Um menino de seis anos da família estava perto dos corpos de seus pais, chorando, e também foi morto.” (Histórias de Faluja, Dahr Jamail).

Esse, porém, não foi o único caso. O sargento Jimmy Masey conta: “Vi o horror do que estamos fazendo todos os dias no Iraque e participei disso. Somos apenas assassinos. Matamos continuamente civis inocentes iraquianos (…) nossa missão não é a de matar terroristas, mas sim civis inocentes. (…) Perto de nossa base ao sul de Bagdá atacamos, com todo meu pelotão, um grupo de civis que estava festejando em uma manifestação pacífica. (…) Foi um banho de sangue: matamos mais de trinta pessoas. Aquela foi a primeira vez que senti o horror de ter as mãos sujas de sangue de civis.” (Il Manifesto).

Os presos políticos e as torturas
Em segundo lugar, já há mais de 10 mil presos políticos, distribuídos nas seguintes prisões: 3.160 em Abu Graib; 5.640 em Camp Bucca; cerca de 100 em Camp Dropper (altos funcionários de Saddam); e entre 1.200 e 2 mil presos em quartéis e delegacias controlados pelos americanos (dados do Pentágono, fornecidos pelo Washington Post). Nos últimos meses, segundo o general William Brandenburg, “a cifra vem crescendo na média de 70 novos presos por dia”. Só uma pequena parte deles são “combatentes” da resistência ou funcionários do velho regime; a maioria deles são apenas “suspeitos”, ou seja, qualquer iraquiano que odeie os invasores. Entre eles, há crianças presas com suas famílias, como informou o general Janis Karpinski às autoridades que investigaram os abusos contra prisioneiros em Abu Graib: “Me contou que tinha quase 12 anos. Me disse que seus irmãos estavam com ele, mas realmente queria ver sua mãe. Estava chorando”. Às denúncias de uso permanente de torturas, humilhações sexuais e assassinatos cometidos nessa prisão, se somaram agora denúncias de que muitas dessas crianças apanham diante de seus pais, para quebrar sua moral e obrigá-los a “confessar”. Em outras palavras, a mesma metodologia das sangrentas ditaduras militares.

Ao mesmo tempo que aumenta o número de “suspeitos” presos, o jornal americano Independent on Sunday informa que “oficiais da inteligência e da policía militar dos EUA no Iraque estão liberando diariamente criminosos perigosos (assassinos e sequestradores) em troca da promessa de espiar os combatentes contra a ocupação”.

Miséria e fome
No campo das violações dos direitos humanos, temos que incluir as terríveis condições de vida do povo iraquiano, que pioraram visivelmente desde a ocupação. Luz e água só há algumas horas por dia. O desemprego ultrapassa 50% e cerca de 60% dos iraquianos dependem das “cadernetas de racionamento” e da entrega de alimentos para poder comer. Por isso, a desnutrição infantil duplicou nos últimos dois anos, passando de 4% para 8%, como informou Jean Ziegler, da ONU.
Assim, o imperialismo completa um sinistro círculo genocida de balas, bombas, torturas e fome.

Não se trata de “erros” ou “excessos”, mas de um plano sistemático e totalmente consciente para tentar quebrar a luta do povo iraquiano e o ódio que esse povo lhes devota. É, ao mesmo tempo, mais uma demonstração de que o próprio imperialismo é o grande violador dos direitos humanos no mundo.

Post author Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (www.litci.org)
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