Proposta rebaixada de banqueiros é defendida por sindicatos governistasNa noite de 11 de outubro, assembléias de bancários de todo o país avaliaram as propostas apresentadas na reunião do dia 10 de outubro pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). Na maioria das assembléias, foi aprovada a orientação da CNB (Confederação Nacional dos Bancários) de voltar ao trabalho e aceitar a proposta rebaixada de Fenaban. A greve durou seis dias e atingiu 23 estados do país. No Rio de Janeiro, no Maranhão, no Piauí e em Brasília, bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal ainda permanecem em greve neste dia 13.

A proposta consiste em reajuste salarial de 6%, abono de R$ 1.700 e PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de R$ 800 fixos mais 80% do salário nos bancos privados e na Caixa Econômica Federal. No Banco do Brasil, haverá a distribuição linear de mais 4% do lucro líquido. A categoria pedia reajuste de 11,77% e PLR no valor de um salário mais R$ 788 fixos, acrescidos de 5% do lucro líquido distribuídos entre os funcionários.

Proposta rebaixada
O reajuste apresentado foi um pequeno avanço na proposta inicial da Fenaban, fruto da mobilização dos bancários, mostrando que se a greve tivesse se fortalecido e continuado, seria possível obter uma vitória real. Mas, o que foi aprovado é uma proposta insuficiente e rebaixada, não só frente às perdas da categoria, mas também frente aos lucros recordes e escandalosos dos bancos, que ultrapassam 52% só no primeiro trimestre deste ano.

Apesar disso, a direção governista do Sindicato – CNB/CUT fez de tudo para evitar que os bancários se chocassem com o governo e os banqueiros. Por isso, aprovaram nas assembléias manipuladas o fim da greve e tentam fazer a categoria acreditar que os 6% são uma “grande vitória”. No entanto, esse acordo é insuficiente e também não garante aos bancários a anistia dos dias parados.

Assembléia em São Paulo
A direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Região preparou um grande circo para a assembléia do dia 11. Antes de defender a aceitação das propostas rebaixadas da Fenaban, os dirigentes apresentaram fotos e cenas de vídeo em telão, para mostrar que o sindicato se empenhou na greve, o que foi uma grande farsa. E, para garantir que o retorno ao trabalho fosse aprovado, a assembléia estava composta por centenas de gerentes e fura-greves.

Wilson Ribeiro, bancário da Caixa Econômica Federal e membro da Oposição Bancária, conta que “na discussão sobre a proposta da Fenaban, o sindicato fez uma intervenção jogando pra baixo a categoria, mentindo ao dizer que Bauru já havia suspendido a greve, e chamando a votar nos 6% como uma conquista possível, esquecendo completamente o minguado 11,77% que bradavam dias atrás”.

Apesar da defesa contrária da Oposição, a proposta do sindicato foi aprovada numa votação dividida. Wilson afirma que “Prevaleceu a descrença nessa direção. O ceticismo de que o ocorrido no ano passado se repetiria neste ano atingiu uma parte dos que estavam na greve, e isso somado aos gerentes e fura-greves que lá estavam, fez com que a proposta de 6% fosse aceita”.

A luta continua
Apesar de a direção ter traído a greve, ainda é preciso manter a mobilização. A oposição está chamando para as assembléias que ainda ocorrerão hoje que se faça uma avaliação do quadro nacional e um duro balanço do papel traidor das direções e que tenha início uma campanha pelas questões específicas dos bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Sobre o balanço dessa greve, Wilson, em nome da Oposição afirmou que “A categoria precisa tirar lições desta greve. Se não houver um fortalecimento da Oposição Bancária, da Conlutas, de um movimento de Oposição das entidades da CUT, dificilmente teremos vitórias. Os bancários precisam tomar o movimento em suas mãos para garantir vitórias”.