Na noite do dia 13 de setembro, os trabalhadores dos Correios impuseram à Fentect/CUT (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) uma greve nacional que atingiu 29 sindicatos em todo o país, com índices de adesão superiores a 70%. Tratou-se de uma verdadeira rebelião de bases, pois a direção majoritária do movimento, formada pelo PT e PCdoB, não queria uma greve que desgastasse mais ainda o governo Lula.
Ao longo de nove dias, os trabalhadores travaram uma heróica luta para resistir a toda sorte de manobras orquestradas pela maioria do comando nacional da Fentect/CUT. Suspenderam as comissões de esclarecimentos, fizeram acordo no TST (Tribunal Superior do Trabalho), divulgaram no Jornal Nacional e outros órgãos de imprensa que a greve tinha acabado, entre outras manobras. No entanto, a categoria comparecia em massa às assembléias e, por iniciativa da Oposição/Conlutas, votava pela continuidade da greve.
Somente no dia 22 de setembro é que essas direções governistas conseguiram acabar com a greve, utilizando ameaças de que o TST iria cassar os direitos da categoria. Só conseguiram isso, pois a categoria percebeu que não dava mais para seguir numa greve que se enfrentava contra todos: o governo, a direção dos Correios e maioria dos sindicatos da Fentect/CUT, em conluio com o TST.
No entanto, com medo da greve, a empresa já fazia concessões, embora bem aquém das expectativas da categoria. Os trabalhadores saem da greve com uma reposição salarial total de 12,42%, parcelados em duas vezes de 8,5% a partir de agosto de 2005, e 3,61% a partir de fevereiro de 2006, além de abono de R$ 800,00, com a compensação de 1/3 dos dias parados em horas extras.
Sentindo-se vitoriosos, os grevistas voltaram ao trabalho com a moral elevada, com a certeza de que, não fosse pela traição da direção do movimento, poderia recuperar ainda mais as perdas salariais e conquistar outras reivindicações.
PCO: auxiliar da CUT contra a greve
Foi lamentável o papel que o PCO cumpriu. Primeiro, viajou o país inteiro às custas da Fentect/CUT, com o apoio do PT e do PCdoB, para defender a CUT contra a desfiliação dos sindicatos. Agora, na greve, atacou covardemente a Oposição/Conlutas com mentiras e calúnias. Com um discurso pretensamente esquerdista, atacava o movimento, insistindo em manter como centro da reivindicação o reajuste de 94%, o qual, inclusive, não foi aprovado em nenhuma assembléia.
Resumindo: um discurso de esquerda e uma prática de direita, facilitando a atuação do Fentect e seus amigos da CUT.
Por suas mentiras e ataques à categoria, o PCO foi escorraçado pelos funcionários dos Correios.
No Rio de Janeiro, por sua vez, os dirigentes pelegos do PT, Articulação e Opção Popular, além boicotarem a campanha salarial, mandaram sua base furar a greve. Por isso, a assembléia da categoria votou a expulsão dos delegados sindicais fura-greves.
Conlutas se consolida na categoria
Por sua postura firme na luta, com um perfil independente do governo Lula, da direção da estatal e da maioria da Fentect/CUT, os sindicatos de Pernambuco (já desfiliado da CUT e vinculado à Conlutas) e do Rio Grande do Sul (cuja diretoria apóia a Conlutas) foram a vanguarda nacional na luta e por onde se formulou uma contraproposta dos trabalhadores, aprovada nas assembléias de São Paulo, Campinas (SP), além de Pernambuco e Rio Grande do Sul. Em todo o país a Oposição/Conlutas se firmou como alternativa de direção e já prepara um Encontro Nacional.
Post author Ezequiel Ferreira, de São Paulo (SP) e Heitor Fernandes, do Rio de Janeiro (RJ)
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