Desgaste da CNB-CUT é cada vez maior, enquanto oposições da Conlutas se fortalecemDepois de seis dias de uma greve nacional que atingiu 23 estados, as direções sindicais ligadas à CUT e ao PT impuseram, no último dia 13, o fim da paralisação e a aprovação de uma proposta rebaixada elaborado em conjunto com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), na noite do dia 12 de outubro.

A proposta aprovada pela CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários) e as direções dos sindicatos, ligadas à Articulação, prevê reajuste de apenas 6%, abono de R$ 1.700 e PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de R$ 800 fixos mais 80% dos salários (no caso dos bancos privados e na Caixa Econômica Federal). A reivindicação da campanha salarial, por si só já bastante rebaixada frente ao lucro recorde dos bancos e a defasagem salarial da categoria, exigia reajuste de 11,77% e PLR de R$ 788 fixos mais 5% referente ao lucro líquido do banco.

Alguns estados, como Rio de Janeiro, Maranhão, Piauí e Brasília, através da pressão da oposição e da base da categoria, conseguiram manter a greve até o dia 13, mas foram obrigados a suspender o movimento devido ao isolamento imposto pelas direções.

Apesar da traição, a proposta aprovada representou um pequeno avanço em comparação à proposta inicial dos banqueiros, provando que, caso houvesse um real interesse das direções em mobilizar a categoria, os bancários poderiam ter conquistado muito mais.

Direções: empecilho para mobilização
O desfecho da greve bancária de 2005, a exemplo do que ocorreu ano passado, prova mais uma vez que as direções da categoria constituem um entrave para a mobilização. Wilson Ribeiro, bancário da Caixa Econômica Federal e membro da Oposição Bancária em São Paulo conta que “o sindicato jogou pra baixo a categoria, chamando a votar nos 6% como uma conquista possível, esquecendo completamente os minguados 11,77% que bradavam dias atrás”.

A descrença nessa direção foi um obstáculo para a greve desde seu início. Mesmo no Rio, ponto forte das mobilizações, a categoria já não demonstrava o mesmo nível de radicalização que deu o tom da greve do ano passado. “Isso foi causado pela desconfiança e a insegurança com que a base enxerga as direções, temendo que elas impusessem mais uma derrota à categoria”, explica o bancário do Unibanco e membro da Oposição no estado, Alexandre Lopes. “Mesmo companheiros que participaram de piquetes ano passado já não tinham a mesma disposição, diziam ‘não reconheço esse índice, essa campanha não é minha’”, enfatiza.

Apesar disso, a categoria e a Oposição construíram um forte movimento nacional, impondo importantes vitórias, como as mesas específicas dos bancos públicos, ainda que as direções manobrassem a todo o momento para impedir que se discutissem as reivindicações da categoria.

Luta não acabou
A Oposição Bancária e a Conlutas saem fortalecidas da greve, apontando a continuidade da mobilização. “Temos que retomar agora as questões específicas, que não foram contempladas”, afirma Wilson. “Aqui no Rio, a Oposição fez uma plenária com mais de 100 companheiros, onde discutimos os próximos rumos do movimento, como a luta contra a reposição dos dias parados e a continuidade da campanha salarial nos bancos públicos, onde vamos exigir a realização de assembléias específicas”, reitera Alexandre.

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