A Conferência Municipal do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de Porto Alegre (RS) aprovou a proposta defendida pela sua direção de conformar uma aliança eleitoral aliança com o Partido Verde (PV). Pela proposta da direção do PSOL, o PV terá o direito de apresentar o candidato a vice-prefeito na chapa com Luciana Genro, candidata a prefeita.

Esta definição da conferência foi construída pela direção majoritária – o Movimento de Esquerda Socialista (MES) – com métodos nada transparentes e democráticos. A corrente de Luciana Genro e Roberto Robaina fez votar uma resolução no Diretório Estadual do partido e, a partir de então, começou a montar núcleos para garantir uma maioria que referendasse a proposta absurda de coligação com o PV.

Desde a decisão do Diretório Estadual, várias correntes internas (AS, CST, CSol) e outros militantes se colocaram contra a aliança e questionaram também a forma precipitada e antidemocrática como estava se tomando uma decisão desta envergadura. Em Caxias do Sul, na serra gaúcha, os militantes, reunidos em plenária, aprovaram uma resolução contrária à coligação.

Estes setores, contrários à definição estadual, fizeram um recurso à direção nacional do PSOL. Esta, reunida nos dias 1º e 2 de dezembro, discutiu o recurso e referendou a aliança com o PV em Porto Alegre, desconsiderando que o congresso do PSOL deliberou por uma Conferência Nacional em 2008 para definir o arco de alianças e a atuação do PSOL nas eleições municipais.

Carta do PSTU repudia aliança com o PV
O PSTU escreveu uma carta aos militantes do PSOL, que foi distribuída na entrada da Conferência. Na carta, o Partido se coloca frontalmente contra a coligação com o PV, defende a reedição da Frente de Esquerda de 2006 para as eleições em Porto Alegre em 2008. Além disso, o PSTU reivindica a candidatura a vice-prefeito na chapa da Frente de Esquerda. Evidentemente, caso ela se conforme e não esteja incluído o PV.

Para compor a chapa como vice de Luciana Genro, o PSTU apresentou o nome de Julio Flores, um dos símbolos da luta contra a burguesia e as administrações petistas na capital gaúcha.

O PV é burguês e lulista
O PV é uma sigla nacional, tem política nacional, direção, programa, estatutos, etc. Este partido é uma sigla de aluguel de vários setores burgueses, participa do ministério de Lula e faz parte da base de apoio do governo. Seus deputados votaram a favor da reforma da Previdência em 2003 e das medidas do governo Lula que atacaram direitos dos trabalhadores.

O PV de Porto Alegre – e de todo o Rio Grande do Sul – nunca deu nenhuma declaração pública contra a direção nacional, nunca expressou nenhuma política contra o governo Lula, enfim, não existe nenhuma “briga” ou diferença entre o PV de Porto Alegre e o PV governista e burguês nacional. Nem sequer existe divergência pública, como entre as várias alas do PMDB ou do próprio PP, por exemplo.

Em 2004, nas últimas eleições municipais, o PV de Porto Alegre coligou -se com o PP, que já foi Arena, PDS etc. O atual presidente municipal, cogitado para ser o vice de Luciana Genro, foi vice-prefeito na candidatura de Jair Soares, ex- governador do Estado e um velho político do tempo da ditadura militar. Nas eleições em que participou como candidato, o Edison Pereira defendeu o “Estado mínimo”, que fosse gerenciado como uma empresa.

Em reunião com a direção do PSTU, os dirigentes do PSOL disseram que o verdadeiro motivo para a coligação com o PV é que este dá um perfil mais palatável, menos agressivo, menos radical. Para eles, o PV simboliza a disposição do PSOL em dialogar com outros partidos.

Nós, do PSTU, agregaríamos, que a direção do PSOL busca uma aliança que garanta mais votos, mesmo que esta aliança seja com um partido que integra o governo Lula, tenha alianças eleitoreiras e participe de governos com os mais variados partidos da burguesia.

Luta pela Frente de Esquerda continua
Diante da decisão do PSOL de fazer a coligação com o PV, cabe às correntes internas, contrárias a esta coligação sem princípios, ao PSTU e ao conjunto dos militantes do movimento social que já viram o PT fazer este mesmo caminho de coligações com partidos da burguesia, fazer uma campanha de denúncia, mostrar quem é o PV, exigir que a definição final seja tomada em uma plenária do conjunto da militância da Frente de Esquerda da capital gaúcha.

No que depender do PSTU, não haverá aliança com o PV. Vamos lutar com todas as nossas forças contra esta coligação. Esperamos contar com o apoio ativo dos militantes do PSOL contrários à aliança com um partido burguês e da base de apoio do governo Lula.

Em nível nacional, é preciso que a militância coerente do PSOL repudie a aliança que a direção de Porto Alegre esta implementando e exija que não se repitam, no país, outras coligações com partidos da burguesia, governistas ou da oposição burguesa ao governo Lula.

  • Leia a carta do PSTU aos militantes do PSOL
  • Leia a resolução do PSOL de Caxias do Sul (RS)