O dirigente da Conlutas Dirceu Travesso participará do evento Outro Davos, alternativo ao Fórum Econômico de Davos. O encontro acontece na Universidade de Basel, na Suíça, nos dias 29 e 30 de janeiro.

Dirceu falará sobre “A unificação dos trabalhadores nos setores formais e informais” na plenária de abertura a partir das 19h30, 0h30 no horário de Brasília. Também participarão da mesa personalidades como o escritor Tarik Ali, a ex-presidente da Assembleia Constituinte da Bolívia Silvia Lazarte, a escritora Christa Wichterich, entre outros. O linguista norte-americano Noam Chomsky enviará mensagem por vídeo. No sábado, 30, Dirceu será um dos ministrantes da oficina “Por um novo sindicalismo (2)”.

Desde 2008, Dirceu Travesso é um dos organizadores do Espaço Latino-Americano e Caribenho de Trabalhadores (Elac). Ele também é dirigente nacional do PSTU.

A iniciativa do Elac foi tomada, principalmente, pela Conlutas, pelo Batay Ouvryie, do Haiti, e pela COB, da Bolívia. O Elac foi criado com a participação de ativistas e dirigentes sindicais de vários países para unir os diversos setores dos movimentos sociais do continente e, assim, tornar mais forte a luta contra o capitalismo e contra os ataques às condições de vida e de trabalho.

O encontro Outro Davos tem como slogan “Na resistência se esboça o outro mundo” e visa debater alternativas em oposição ao Fórum de Davos, que acontece de 27 a 31 de janeiro na Suíça. No encontro da burguesia, “os verdadeiros responsáveis por essa crise multifacetada vão discutir ‘o estado do mundo´, para ‘repensá-lo, redesenhá-lo e reconstruí-lo´”, diz nota dos organizadores, que destaca “a arrogância daqueles que, levando o mundo à catástrofe, pretendem ‘reorganizá-lo´ de acordo com os seus interesses mórbidos”.

Para os organizadores do Outro Davos, a resposta à crise que está sendo discutida no Fórum Econômico se dá sobre o aumento da exploração e da opressão dos trabalhadores do mundo. Leia, abaixo, a íntegra da nota.

UM OUTRO DAVOS SE APRESENTA
Na resistência se esboça o outro mundo

Em 2007, estourou a primeira grande crise do capitalismo globalizado. Em 2008 e início de 2009, os principais meios de comunicação oficiais e as instituições internacionais dos governantes não hesitaram em referir-se à Grande Depressão de 1930. Os estados dominantes dedicaram centenas de bilhões de dólares para ajudar aos bancos, seguradoras e grandes empresas. Esta vasta operação para socializar as perdas privadas será paga, em última instância, pelos trabalhadores e contribuintes. E, amanhã, os custos sociais serão ainda mais reduzidos, em nome do combate ao “déficit público”.

No final de 2009, a imprensa anunciou uma reativação da economia, ainda que frágil. Enquanto isso, o desemprego já tem marcos históricos. O ano de 2010 ainda se anuncia mais obscuro. Os dados oficiais não levam em conta os que estão à procura de emprego ou os que são forçados a empregos precários com salários miseráveis.

Governos e instituições internacionais (OCDE, Banco Mundial, FMI) elogiaram o “fundo de educação” para combater a pobreza, o desemprego e garantir a competitividade dos países. Resultado: os sistemas de formação e educação são cada vez mais socialmente seletivos e conforme os requisitos restritos dos “mestres” da economia.
A fisionomia real da crise se revela mais forte quando se leva em conta a devastação ambiental, onde as populações mais frágeis são as primeiras vítimas, pelo desamparo alimentício e sanitário que afeta mais de 2 milhões de seres humanos. A isto são adicionadas as guerras imperialistas (Iraque, Afeganistão, Paquistão) ou as promovidas por distintas potências (África).

No entanto, em Davos, em janeiro de 2010, os verdadeiros responsáveis por essa crise multifacetada vão discutir “o estado do mundo”, para “repensá-lo, redesenhá-lo e reconstruí-lo”. Em primeiro lugar abordam “o estado do mundo”. Em seguida, exponham a arrogância daqueles que, levando o mundo à catástrofe, pretendem “reorganizá-lo” de acordo com os seus interesses mórbidos.

Na verdade, a “resposta” para o aprofundamento da crise é apenas mais uma das diversas formas de exploração e opressão. Uma vez que este capitalismo globalizado – com base na apropriação da riqueza privatizada, a tirania da mercantilização e da concorrência global entre corporações gigantes – é inseparável de um sistema articulado de dominação e de ataques aos direitos fundamentais seres humanos e povos inteiros.

Hoje, um outro mundo se pensa, se desenha e se constrói através da resistência, das lutas, dos rechaços e das contrapropostas que desembocam, mesmo que de maneira embrionária, na questão de um outro governo no mundo, radicalmente democrático e eficaz, que questione a usurpação oligárquica do planeta.

Os que são protagonistas de Outro Davos querem dar a sua palavra. E, assim, construir um verdadeiro fórum, um lugar de encontro onde eles se reúnam para debates, homens e mulheres, que estão empenhados em construir um novo sindicalismo capaz de lidar com as diferentes facetas de exploração e opressão; os imigrantes da Europa e dos Estados Unidos, que lutam por seus direitos e contra os Estados-polícia; as mulheres que se afirmam por sua própria iniciativa e questionam os sistemas patriarcais; os porta-vozes dos povos do sul cujas potências e forças imperialistas lhes negam o status de protagonistas de seu próprio futuro; os jovens líderes dos movimentos contra as guerras, como as realizadas hoje no Iraque, Afeganistão e Paquistão, e também contra o povo palestino.

O evento é organizado por Attac Suisse; Mouvement pour le Socialisme; Presença da América Latina; Terre des Hommes Suisse; Unia; SSP – VPOD; Anticapitalista Gauche Association Suisse-Cuba

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