Dirceu Travesso, bancário da Nossa Caixa e candidato do PSTU a Prefeitura de São Paulo, foi preso duas vezes pela Polícia Militar na manhã desta quinta-feira, 23. Dirceu, um dos principais dirigentes da greve bancária, participava dos piquetes esta manhã e a direção dos bancos na capital paulista tem recorrido ao uso da força policial, à repressão e à intimidação para enfraquecer a greve. Junto com Dirceu, também estão presos outros dois militantes do PSTU: Fábio Bosco, do Santander e Erinaldo Júnior, da Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute).

Veja abaixo a nota publicada no site da Folha de São Paulo:

PM prende duas vezes o mesmo sindicalista durante greve dos bancários

FABIANA FUTEMA
da Folha Online

O diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Dirceu Travesso, foi detido hoje pela polícia duas vezes. Ele –que é candidato do PSTU à Prefeitura de São Paulo– participava dos piquetes do comando de greve dos bancários na região central de São Paulo.

Na primeira vez, ele foi retirado da frente da agência da Nossa Caixa pela PM e levado para o 1º DP. “Eu me identifiquei como candidato político e avisei que minha prisão poderia causar uma repercussão negativa para a polícia“, disse Travesso antes de ser preso de novo.Pela lei, os candidatos não podem ser presos no período pré-eleitoral.

Travesso acusou a PM de usar a violência para tentar acabar com a greve. “Eu fui jogado no chão. Me enfiaram no furgão na pancada.“

Segundo ele, os bancos estão chamando a polícia para tentar interromper a paralisação, que completa hoje nove dias. “O caso não é isolado. Há mais registros de violência contra os grevistas em outros bancos. As instituições querem fragilizar o movimento e acabar com a greve, que questiona essa política de arrocho salarial.“

A Nossa Caixa divulgou nota informando que “recorreu ao Poder Judiciário para garantir o livre acesso dos funcionários às suas dependências“. “Foi expedido pela Justiça um interdito proibitório que permite a entrada dos funcionários aos prédios do banco. Em virtude da imensa pressão exercida na portaria da sede da instituição, impedindo a entrada dos funcionários, o banco recorreu à Polícia Militar para assegurar o cumprimento da ordem judicial“, diz a nota.

O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, se encontra amanhã com o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, para acusar os banqueiros de desrespeitar o direito de greve. “Vamos informar o ministro sobre o desrespeito ao direito de greve, dos interditos aplicados pelos bancos e da utilização de força policial“, disse Marcolino.

A Fenaban (Federação Nacional de Bancos) ainda não comentou a acusação feita pelos sindicalistas de que os bancos estão usando a polícia para conter a greve.