O programa de desestatização do governo FHC, que em grande parte se concretizou graças aos empréstimos do próprio BNDES, parece não ter acabado. Em pleno governo Lula, o banco continua financiando o lucro de empresas multinacionais. Como se não bastasse liberar R$ 3,2 bilhões ao grupo americano para a compra da então estatal Eletropaulo, em 1998, o banco ainda amargou um calote que causaria um prejuízo de 2,4 bilhões em suas contas no ano passado.

Em meados de 2003, o presidente do BNDES, Carlos Lessa, e os ministros Palocci, José Dirceu e Dilma Roussef, se reuniram para tratar da inadimplência da multinacional. Avaliaram que forçar na Justiça o pagamento das dívidas assustaria os investidores, sinalizando uma suposta tendência de reestatização do setor elétrico. Assumiram, então, o calote e, ainda, tornaram o BNDES sócio da empresa inadimplente.

A dívida da AES com o banco, estimada em R$ 1,2 bilhão, foi dividida ao meio. Metade foi convertida em ações de uma nova empresa, a Brasiliana Energia, que será controlada pela AES. A outra metade da dívida foi parcelada em longos 11 anos. A empresa que vinha tendo déficits sistemáticos, após o anúncio do acordo fechou o ano de 2003 no azul. Agora, a empresa americana espera receber R$ 700 milhões do programa de capitalização das companhias elétricas, promovido pelo BNDES.

Além de bancar a privatização das empresas estatais, o BNDES ainda cuida para que tenham lucro, utilizando para isso recursos públicos.

Post author
Publication Date