A economia brasileira segue crescendo e deve chegar ao fim do ano com um aumento do PIB superior a 7%. No entanto, o governo e a grande burguesia sabem que nem tudo são flores.

Existe um déficit nas contas correntes do país (que inclui todas as relações do país com o exterior) que vai se aproximar em 2010 de 60 bilhões de dólares. Isso é produto da queda dos superávits comerciais do país e do brutal aumento na remessa de dólares das multinacionais aqui presentes (para suprir a queda nos lucros das matrizes).

A decisão do governo Obama de desvalorizar ainda mais o dólar reforça a perspectiva de ampliação desse déficit em contas correntes. Além disso, existe a possibilidade de que a crise hoje centrada na Europa atinja os EUA e, em particular, a China. Este último país concentra boa parte das exportações brasileiras e, caso entre em crise, arrastará o Brasil.

Por estes motivos, o novo governo de Dilma está se preparando para tomar medidas iniciais de “ajuste”, se preparando para a crise. Isso inclui congelar os salários do funcionalismo, impor um reajuste medíocre ao salário mínimo, a volta da CPMF e a reforma da Previdência.

O governo quer impor um salário mínimo de no máximo R$ 570. O mínimo definido pela Constituição é calculado pelo Dieese em R$ 2.100 nos dias atuais. Enquanto isso, discute-se o congelamento dos salários do funcionalismo público. No entanto, os partidos da base do governo debatem um reajuste indecente de 100% dos salários dos parlamentares.

A discussão sobre a volta da CPMF para “financiar a saúde” é outro absurdo. O mesmo governo que deu R$ 380 bilhões em 2009 para os banqueiros diz faltar verbas para a saúde. É mentira. Trata-se de mais uma manobra para garantir o superávit fiscal e o pagamento aos banqueiros.

A reforma da Previdência, admitida em declaração do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, marcaria a repetição do início do governo Lula, em 2003. Naquele momento, o presidente se aproveitou da onda de apoio que sempre existe na posse dos governos para impor um ataque aos aposentados. Agora, Dilma se prepara para repetir esse passo. É exatamente o que estão fazendo os governos da Europa, fazendo os trabalhadores pagarem pela crise com ampliações no tempo necessário para a aposentadoria.

Entidades fazem reunião para preparar a luta
A CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular, a COBAP (Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas) e o FST (Fórum Sindical dos Trabalhadores) convocaram uma reunião no dia 25 deste mês (10h, SGAS Sul Av. W-5 Quadra 902 Bloco C) para preparar a luta contra os ataques às aposentadorias, aos salários e ao serviço público, que estão sendo preparados pelo novo governo.
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