Dilma Roussef e Lula
José Cruz / Agência Brasil

Engana-se quem acha que as diferenças entre Palocci e Dilma Roussef sobre o conteúdo da política econômica são de fundo. Não estão sendo debatidos os pilares fundamentais do atual plano econômico neoliberal porque todos têm acordo em mantê-la. As críticas feitas por Dilma, plenamente autorizadas pelo presidente Lula, limitam-se apenas a somas de dinheiro que devem ser retiradas da saúde, educação, reforma agrária etc, para engordar os cofres dos banqueiros internacionais.

Palocci defende um superávit primário de 5% a 6% do conjunto do Produto Interno Bruto (PIB) por 10 anos. Para isso, propõe segurar principalmente as verbas para investimento em serviços públicos e infra-estrutura. Dessa maneira, segundo pensa o ministro, os especuladores internacionais devotariam mais “credibilidade” ao Brasil. Dilma, por sua vez, defende que a meta acordada com o FMI (de 4,25% do PIB) seja aplicada. A ministra expressa, na verdade, uma preocupação latente de Lula para o ano que vem: a sua reeleição. Com a liberação de um pouco mais de recursos, Lula viabilizaria – a palavra certa é compraria – alianças com os atuais partidos de direita da coalizão governista (PP, PTB e parte do PMDB) e faria alguns investimentos com objetivos eleitoreiros.

Nesse contexto, é difícil imaginar que Lula pretende realmente afastar Palocci do governo. Se, por um lado, estimula Dilma a “brigar” pelo superávit acertado com o FMI, por outro, Lula tenta arbitrar o conflito pressionando Palocci a liberar alguns recursos.

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    Post author Jeferson Choma e Yara Fernandes, da redação
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