Paralisações, bloqueios de estradas e manifestações marcam o dia de luta

O balanço parcial das mobilizações desta sexta-feira, 30, dia nacional de paralisação convocado pelas centrais sindicais, mostra a força da mobilização da classe trabalhadora e da juventude. Vários protestos, paralisações, greves e bloqueios de rodovias foram realizados nesta manhã em várias capitais e cidades médias do país.

Rio de Janeiro
Na capital fluminese foi realizada uma caminhada no Jacarezinho (RJ) organizada pelo Movimento Luta Popular , CSP- Conlutas e outros movimentos. A manifestação exigia o fim da violência nas comunidades e o fim da PM. Manifestantes também interditaram o acesso à Ilha do Fundão pela Avenida Brigadeiro Trompowisky. Também cruzaram os braços os trabalhadores da Comperj.


Ato em frente à UPP de Jacarezinho (foto Rodrigo Noel)

Neste momento se inicia uma passeata unificada dos professores em greve, centrais e movimento popular.

São Paulo
Estudantes e trabalhadores da Universidade de São Paulo (USP) trancaram o principal portão de acesso do Campus do Butantã na manhã desta sexta, 30 de agosto. Cerca de 150 manifestantes se concentraram em frente à universidade e fecharam as avenidas Alvarenga e Valdemar Ferreira. Eles também bloquearam a Marginal Pinheiros. Estiveram presentes o Diretório Central dos Estudantes da USP, Sindicato dos Trabalhadores da USP – SINTUSP e a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre – ANEL, entre outros grupos organizados de estudantes.

Segundo Arielli Tavares, da Comissão Executiva Nacional da ANEL: “Os estudantes aprenderam em junho que é possível ter vitórias, modificar nossas vidas, nas ruas. Por isso, estamos aqui, porque estudamos numa universidade muito antidemocrática e queremos mudar isso. Estamos aqui para dizer: não aceitaremos mais que Geraldo Alckmin decida nosso reitor, não aceitaremos mais a PM no campus e mais exigimos diretas Já para reitor”.

Em Santos (SP), manifestantes interditaram a rodovia Anchieta e a ligação com a cidade de São Vicente na orla da praia. Os petroleiros param por 24 horas.   Bauru (SP) – Bancários paralisaram agência no centro da cidade na parte da manhã. Centrais realizaram protesto com ocupação da Secretaria da Saúde.

Em Campinas (SP), trabalhadores do aeroporto internacional de Viracopos cruzam os braços.

São José dos Campos (SP)
Cerca de 25 mil metalúrgicos de 24 fábricas de São José dos Campos e região aderiram ao Dia Nacional das Paralisações, nesta sexta-feira, dia 30. São cerca de 20 mil trabalhadores organizados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas.

Na General Motors, toda a produção está parada desde a madrugada de hoje, com a adesão  dos trabalhadores do terceiro turno. Todos só retornam ao trabalho na segunda-feira, dia 2. A paralisação atingiu inclusive as empresas terceiras da GM. Entre trabalhadores da montadora e terceirizados, somaram-se cerca de 5 mil funcionários somente pela manhã.

 Na Zona Sul, houve “arrastão” de assembleias nas fábricas, com paralisação de aproximadamente 2.200 metalúrgicos em 11 empresas. Na região, os trabalhadores chegaram a bloquear o acesso ao bairro industrial Chácaras Reunidas, onde está concentrada a maior parte das fábricas da Zona Sul. A Polícia Militar esteve no local, mas não conseguiu impedir as mobilizações.

 Em algumas empresas, as mobilizações começaram ontem, com assembleias na Embraer, Avibras, Blue Tech, Sun Tech, entre outras.

O Sindicato estima que até o final do dia o Dia Nacional de Paralisações deve totalizar 30 mil metalúrgicos de 30 empresas.

Belo Horizonte (MG)
Na capital mineira, a Oposição Sindical Rodoviária de Belo Horizonte e região, junto à Central Sindical e Popular – Conlutas (CSP-Conlutas), a Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL), ativistas da Assembleia Popular do Barreiro e militantes do PSTU, pararam duas das maiores estações de ônibus da região metropolitana: Barreiro e Diamante. Ambas ficam localizadas na região do Barreiro e diariamente atendem cerca de 148 mil pessoas, com mais de 50 linhas integradas.

Os trabalhadores exigem melhores condições de salário e trabalho, redução da jornada, abolição da dupla função, implantação de banheiros femininos nos pontos finais dos ônibus, dentre outras pautas. Os manifestantes reivindicam a implementação do metrô no Barreiro, em contraposição à proposta da PBH da linha Savassi-Belvedere, voltada a atender apenas bairros nobres da região. Também exigem a imediata retomada da construção do Hospital Municipal do Barreiro, cujas obras estão paradas há 6 meses.

No interior do estado também há manifestações. O Complexo de Mineração da Vale e da CSN na região de Mariana (MG) foi totalmente paralisado.  Em Juiz de Fora (MG), a manifestação capitaneada pelo MST, CUT e pelas centrais sindicais bloqueou a BR-040, na altura de Carmo da Mata.

Belém
Na capital paraense, os operários da construção civil de Belém amanheceram com os canteiros de obra paralisados. A paralisação foi aprovada de forma unificada com os trabalhadores de Ananindeua e Marituba. Porém, em Ananindeua a direção do sindicato tentou fazer um acordo rebaixado com a patronal, traindo os operários. Os trabalhadores, porém, com o apoio do sindicato de Belém, realizaram assembléia e desautorizaram a decisão da diretoria e o acordo rebaixado.

 Além da campanha salarial, os trabalhadores da construção civil de Belém e região lutam contra a política econômica dos governos Federal, estadual e municipal.A partir da próxima segunda-feira, dia 2 os trabalhadores de Belém irão cruzar os braços por tempo indeterminado. Em assembleia realizada na noite desse 29 de agosto, cerca de 3 mil operários lotaram a Travessa 9 de Janeiro para rejeitar a proposta de 9% de reajuste salarial oferecida pela patronal. 

Porto Alegre (RS)
Nesta manhã, ativistas ocuparam os trilhos da Trensurb, parando o metrô da capital gaúcha. As garagens de ônibus também foram bloqueadas. No centro de Porto Alegre, dezenas de lojas ficaram fechadas por causa das paralisações que ocorrem na cidade desde cedo.

Alguns estabelecimentos colocaram faixas de apoio à paralisação. Em uma loja havia os dizeres: “Apoiamos os protestos. Por um Brasil melhor”. Na região, diversos bancos aderiram à greve e colocaram faixas nas agências. Adesivos com os dizeres “#vempraluta”.

Neste momento há uma concentração em frente ao palácio do governo para um ato unificado das centrais e partidos.

Fortaleza (CE)
Em Fortaleza, pararam os ônibus e os trabalhadores da construção civil, que foram aos terminais para ajudar a luta dos rodoviários. Os dois sindicatos da categoria são filiados a CSP-Conlutas. O Sindicato dos Rodoviários (Sintro) está disponibilizou um ônibus em cada terminal para levar a população à manifestação desse dia nacional de lutas.

Uma manifestação saiu da praça da bandeira e seguiu para a Prefeitura, onde uma comissão formada pelas entidades foi recebida para negociações.

Natal (RN)
Nesta manhã, trabalhadores e a juventude fizeram uma caminhada pelas ruas do centro até a prefeitura. Mesmo sob chuva, centenas de pessoas foram às ruas, organizadas por sindicatos e centrais sindicais, como o Sindsaúde, que dirige a ocupação em frente à casa da governadora Rosalbaa, e a CSP-Conlutas.

Aracaju (SE)
Desde as 5h30, a cidade de Aracaju (SE) ficou completamente sitiada com várias manifestações simultâneas que acontecem em todas as principais vias da cidade.

São Luís (MA)
Houve paralisação dos ônibus e protesto pelo Passe-livre com a participação da ANEL.

Forte de paralisação e ausência da CUT
O dia 30 de agosto ainda não terminou, mas já se pode dizer que está sendo um forte dia de paralisações e manifestações em várias partes do país. Assim como no dia 11 de julho, pararam setores importantes da economia, como metalúrgicos, operários da construção civil, e as refinarias, como em Cubatão, com forte adesão dos petroleiros. Esse dia de paralisação ainda contou com a participação do funcionalismo público e um protagonismo ainda maior parte da juventude.

Os trabalhadores estão protestando para cobrar de empresários, do governo federal e do congresso nacional o atendimento da pauta trabalhista apresentada pelas centrais sindicais”, afirma Zé Maria, da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e presidente do PSTU. “Queremos a mudança do modelo econômico aplicado pelo governo Dilma, pois ele só atende bancos e grandes empresários. É preciso parar de pagar a dívida externa e interna, parar as privatizações e usar os recursos e patrimônio público para atender as necessidades do povo trabalhador”.

Chamou a atenção, no entanto, a ausência da CUT das paralisações. A central praticamente não mobilizou. Diferente do dia 11 de julho, não chamou sequer suas bases a cruzarem os braços. Um exemplo é São Bernardo do Campo no ABC paulista, onde nenhuma fábrica parou. A central se limitou, na região, a se incorporar numa manifestação de professores e fazer algumas panfletagens. Em bancários de São Paulo, que se encontram em campanha salarial, a CUT sequer chamou uma assembléia para organizar a paralisação do dia 30. O resultado não poderia ser outro. A maioria das agências bancárias continua funcionando no estado. Em outras regiões do país, ocorreu a mesma coisa: a CUT não se moveu para paralisar.

Poderia ter sido melhor ainda, se todas as centrais tivessem dedicado esforço à construção da paralisação. A direção da CUT, por exemplo, depois da negociação proposta pelo governo dias atrás, fez o que pode para diminuir o potencial do protesto nacionalmente”, reclama Zé Maria. O balanço parcial do dia 30 já indica que a central governista apostou no boicote e não organizou várias categorias para avançar e fortalecer a sua luta.

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