Ato nacional no Rio de Janeiro
Foto: Diego Cruz

Convocado pela CSP-Conlutas, o dia 6 de março foi marcado como o Dia Nacional de Lutas e Paralisações. Em vários estados, aconteceram paralisações, atos e passeatas. As mulheres tiveram papel de destaque, pois em muitos lugares os atos de 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, foi antecipado para se somar aos atos em defesa dos direitos.
 
O ato nacional aconteceu no Rio de Janeiro, no final da tarde desta sexta na Praça da Cruz Vermelha. Vieram trabalhadores de Brasília, do Amazonas e de Santa Catarina. Do Paraná, onde os trabalhadores da educação estão numa forte greve, foram três ônibus. Entre as organizações e entidades sindicais presentes, estiveram ANEL, Andes, Fasubra e Sinasefe. O PSTU participou com peso. Uma a passeata passou pela sede da Petrobras e foi até o Ministério da Educação e Cultura, onde os ativistas protestaram contra os cortes de verbas na educação.
 
Em Frente à Petrobras, a manifestação denunciou a corrupção generalizada. O escândalo, que já atinge políticos do PT ao PSDB e grandes empreiteiras, além de ter desviado recursos públicos do país, tem resultado em demissões em massa de trabalhadores e atraso no pagamento dos salários.
 
É o caso, por exemplo, dos trabalhadores do Complexo Petrolífero do Rio de Janeiro (Comperj), que marcaram presença. As demissões começaram depois que a Operação Lava Jato da Polícia Federal bloqueou o dinheiro das empreiteiras envolvidas no escândalo. “Querem jogar esse fardo pra nós, mas nós não temos que pagar por essa crise. Ela não é nossa”, desabafou um operário demitido.
 
Já são mais de 3 mil famílias que estão há mais de três meses sem receber salários e sem plano de saúde. “Os trabalhadores não podem pagar pelo crime dos empreiteiros! Quem tem que pagar pelo roubo de dinheiro público são os corruptos e corruptores e não os trabalhadores”, defendeu Natália Russo, diretora do Sindpetro-RJ.
 
Construir nas lutas uma alternativa dos trabalhadores
“Hoje estamos fazendo um importante dia de luta nacional, com mobilizações e paralisações em várias partes do país. Este ato é importante porque se dá no marco da luta contra a privatização da saúde e da educação, nas lutas de trabalhadores da construção civil de Belém, de Fortaleza, em várias fábricas em São José dos Campos, no ABC Paulista”, disse Paulo Barela, da CSP-Conlutas.
 
Corrupção, ataques aos direitos e à aposentadoria, corte de verbas da saúde e da educação, demissões… O governo Dilma (PT), a oposição de direita, o Congresso Nacional e os governadores estão querendo que, mais uma vez, sejam os trabalhadores e a maioria do povo a pagar a conta da crise econômica.
 
“Estamos mostrando ao governo que não aceitaremos retiradas de direitos. Esse é o primeiro passo para construção de uma greve geral. Chamamos as demais centrais a romperem com o governo e que a vir construir conosco essa luta”, completou Barela.
 
Pelo país
As manifestações começaram cedo. Desde às 6h, já havia panfletagens e paralisações em fábricas e canteiros de obras.
 
No Rio, pela manhã, houve panfletagem no estaleiro Inhauma, no Caju, no Estaleiro Eisa, no Banco do Brasil, no Centro de Tratamento de Cartas dos Correios, no Estaleiro Mauá e Enaval, em Niterói, no terminal aquaviário da Baia de Guanabara. No terminal, houve assembleia, e os trabalhadores atrasaram a entrada. À tarde, a panfletagem foi no Edifício Senado e Ventura Petrobras. Em conversa com os trabalhadores, militantes do PSTU defenderam a Petrobras 100% estatal sob o controle dos trabalhadores.
 
No Pará, operários e operárias da construção civil amanheceram de braços cruzados. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém, filiado a CSP-Conlutas, organizou dezenas de piquetes nos canteiros de obras. Os trabalhadores fizeram passeata numa das principais avenidas da cidade. A passeata foi destaque na imprensa. “Vamos nos somar às demais categorias do país em defesa dos nossos direitos; exigindo que o governo Dilma revogue as medidas provisórias”, disse Cleber Rabelo, operário da construção e vereador de Belém pelo PSTU.
 
Em Sergipe, operários pararam na FAFEN Petrobras e na fábrica de cimento Nassau. “As empresas de cimento, nos últimos anos, vêm batendo recordes de lucros. Contudo, já ameaçam com demissões. Não podemos aceitar. Por isso, paralisamos a fábrica em defesa do emprego”, afirmou Djenal Prado, presidente do Sindicagese.
 
No Ceará, operárias da confecção feminina da fábrica ANNE paralisaram as atividades. Em Fortaleza, às 16h, diversas categorias se reuniram num ato unificado na Praça do Carmo. A manifestação somou o Dia Internacional de Luta da Mulher.
 
São Paulo teve assembleias e paralisações no Vale do Paraíba, nas fábricas da GM, Sun tech, Volex, BlueTech, Shureider e Artectow. Em São José dos Campos, um ato político na Praça Afonso Pena para recolhimento de assinaturas para dois abaixo-assinados. Um é pela revogação imediata das MPs 664 e 665, que atacam direitos como seguro desemprego e o abono do PIS. O outro é pela aplicação de 1% do PIB em políticas de combate de violência à mulher.
 
Na capital paulista, as atividades começaram antes das 6h, com uma panfletagem em frente à fábrica Sultan, que produz tecidos, na Zona Leste da capital paulista. A maioria dos trabalhadores são mulheres, e as condições de trabalho são péssimas. O Sindicato dos Trabalhadores da USP e a ANEL-SP trancaram o Portão 1 da USP para chamar a atenção contra os cortes dos governos federal e estadual na educação.
 
Na Bahia, professores de Lauro de Freitas, junto a Asprolf Sindicato, fizeram protesto contra os ataques dos governos federal, estaduais e municipais. No ato, teve destaque para as pautas específicas das mulheres.
 
Pernambuco também incorporou a luta das mulheres. Trabalhadores e trabalhadoras fizeram uma passeata na Av. Conde de Boa Vista. A manifestação foi organizada por vários movimentos feministas do estado. O ato homenageou a companheira Sandra, militante do PSTU que foi assassinada pelo namorado em fevereiro do ano passado, junto com seu filho.
 
Em Minas Gerais, à tarde, também aconteceu o ato do Dia Internacional de Luta da Mulher.
 
 
LEIA TAMBÉM: