Operários da Construção Civil de Belém no Dia Nacional de Luta

Dia de mobilizações convocado pela CSP-Conlutas e o Espaço Unidade de Ação leva trabalhadores às ruas em várias partes do país

O Dia Nacional de Lutas, convocado pela CSP-Conlutas e o Espaço de Unidade de Ação, que ocorreu nesta quinta-feira, 27 de junho, em diversos estados do país, foi um importante passo para incorporar a classe trabalhadora organizada nas mobilizações populares que sacodem o país. Com greves, paralisações, assembleias e mobilizações de ruas, as organizações dos trabalhadores entraram em cena com suas bandeiras e reivindicações.

SP
Já era bem cedo, por volta das 6h da manhã, quando a população foi recebida pelos metroviários de São Paulo, nas estações de metrô, com uma carta aberta do sindicato. O material distribuído apontava a vitória das mobilizações de rua que arrancou do governo e da prefeitura de São Paulo, assim como em outras cidades do Brasil, a revogação do aumento das tarifas. A carta destacava ainda a importância de dar continuidade às mobilizações para acabar com o sufoco dos transportes públicos lotados e de péssima qualidade.

O Dia Nacional de Lutas também ocupou a periferia da cidade. Na periferia da zona sul da cidade, no Capão Redondo, em frente à estação de metrô, a mobilização contou com a participação de professores, metroviários, militantes do movimento Luta Popular, estudantes e lideranças da região. A mobilização reivindicou melhorias no bairro, como a construção de um Hospital na região, a extensão do Metrô até o Jardim Ângela; garantia de moradia a todas as famílias do Córrego dos Freitas e a defesa de todas as ocupações Culturais da região.

Ainda na capital paulista, a reitoria da Unesp foi ocupada durante protesto convocado pelo Fórum das Seis, que reúne entidades representativas de funcionários, professores e estudantes da USP, Unicamp e Unesp. O movimento reivindica ”democracia e isonomia” nas universidades estaduais paulistas.

Em São José dos Campos, Caçapava e Jacareí, interior de São Paulo, os metalúrgicos atrasaram a produção em mais de 8 fábricas. Na General Motors, a paralisação durou 1 hora.  Assembleias realizadas nas fábricas aprovaram ainda a participação da categoria na paralisação nacional do dia 11 de julho, convocada pelas centrais sindicais. Os metalúrgicos participaram ainda da manifestação no centro de São José dos Campos que se iniciou no final da tarde.

Na Baixada Santista, petroleiros da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão fizeram uma paralisação de mais de uma hora na entrada do turno e do regime administrativo. O Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, durante a mobilização, defendeu a luta contra os leilões do petróleo e por uma Petrobras 100% Estatal. 

RJ
No Rio de Janeiro, uma manifestação de rua ocorre no início desta noite e já reúne milhares. De acordo com os organizadores, a manifestação reuniu 10 mil. 

PA

A quase 3 mil quilômetros de distância das mobilizações em São Paulo, mais de 2 mil operários da construção civil de Belém ocuparam as ruas da cidade  em  uma passeata que terminou na prefeitura da cidade. Diversas obras foram paralisadas. Os operários, organizados pelo sindicato da Construção Civil de Belém e apoiados pelo vereador do PSTU Cleber Rabelo, levaram sua pauta de reivindicação ao prefeito. Uma comissão de trabalhadores, junto com o vereador, foi recebida pela prefeitura. Passe livre para estudantes e desempregados, percentual mínimo de 25% de investimento para saúde pública de Belém, construção de casas populares para os operários, fim do Vale Digital e volta do vale transporte em papel, saneamento básico nos bairros populares foram algumas das reivindicações apresentadas.

CE
Em Fortaleza, onde ocorre a semi-final da Copa das Confederações, mais de 20 mil pessoas participam de manifestação no entorno da Arena Castelão. De acordo com dirigentes da CSP-Conlutas, o ato enfrenta muita repressão por parte da Força Nacional de Segurança. De acordo com ele, cinco helicópteros sobrevoam os manifestantes e um forte aparato policial cerca o estádio. A polícia já utilizou bombas de gás e balas de borracha contra os manifestantes e o momento é de tensão na região. A manifestação terminou no final da tarde. 92 pessoas foram detidas (20 menores de idade) e pelo menos 7 ficaram feridos, segundo informações da própria polícia.

SE
Ainda no Nordeste, a cidade de Aracaju foi também palco de mobilizações. O Dia Nacional de Luta começou com paralisação de 2 horas dos petroleiros no Edifício Sede, paralisação de 24h dos professores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e paralisação dos rodoviários. No final da tarde, ocorre uma manifestação contra o aumento da passagem.

RN
Em Natal, pela manhã, estudantes e servidores da saúde protestaram por qualidade nos serviços públicos.  "Saúde é o que interessa, pra Copa não tem pressa!", cantavam os manifestantes. A mobilização contou com a presença e o apoio da Vereadora Amanda Gurgel.

POA:

No sul do país, em Porto Alegre, milhares ocuparam a Praça Matriz, local que abriga os três poderes do Estado: prefeiturra, assembleia legislativa e Palácio do Governo. Cerca de 15 mil manifestantes,  realizaram um belo protesto com muita cantoria, intervenções dos ativistas do movimento e animação. A mobilização foi organizada pelo Bloco de Lutasque teve 11 de seus representantes recebidos pelo governador Tarso Genro (PT). De acordo com Matheus Gordo, da juventude do PSTU e membro do Bloco de Lutas, o governador não apresentou nenhuma proposta concreta, sendo muito vago na reunião.Após quase 6 meses de mobilização em Porto Alegre, Tarso Genro anunciou na imprensa que iria aplicar o Passe Livre, mas até o momento não explicou como será feito. De acordo com Matheus, o movimento não pode confiar no governador que foi o mesmo que aprovou a Lei Nacional do PIso para os professores, enquanto ministro, mas é o mesmo a não aplicá-la no Estado. Para o militante do PSTU, só a continuidade e a ampliação das lutas poderá arrancar o Passe LIvre, e outras demandas dos estudantes e trabalhadores, destes governos. 

Rumo ao 11 de julho
A convocação da CSP-Conlutas e do Espaço de Unidade de Ação foi uma primeira iniciativa no sentido de envolver a classe trabalhadora, suas organizações e seus métodos, nas mobilizações populares que ocorrem no país há duas semanas. A necessidade do momento é generalizar iniciativas para por os trabalhadores em luta, organizar uma greve geral que possa obrigar o governo Dilma, os governos dos estados e dos municípios a atender as reivindicações dos trabalhadores e da juventude.

Uma nova iniciativa já está agendada para o dia 11 de julho. A CSP-Conlutas, junto com a CUT, UGT, Força Sindical, CGTB, CTB, CSB, NCST,  e MST, convocam um o Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações “Pelas liberdades democráticas e pelos direitos dos trabalhadores”.   A pauta de reivindicações consensual é redução das tarifas e melhoria da qualidade do transporte coletivo, mais investimentos em saúde e educação públicas, contra os leilões das reservas de petróleo e em defesa do patrimônio público, fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias, redução da jornada de trabalho e contra o PL 4330 (que regulamenta a terceirização), reforma agrária.

Com informações da CSP-Conlutas

*Atualizada às 14:30 do dia 28 de junho