Ato exige políticas públicas para as mulheres, ataca os gastos da Copa e se solidariza com a greve dos garis

Nem a forte chuva que caía na capital paulista foi suficiente para espantar milhares de mulheres que se reuniram nesse ato do 8 de março em São Paulo. Cerca de cinco mil pessoas compareceram ao ato, que reuniu amplos setores do movimento sindical, popular, além de partidos políticos e movimentos feministas.

A concentração se iniciou no vão livre do Masp. “Estamos aqui nesse lugar simbólico onde, no ano passado, centenas de milhares vieram para exigir direitos como saúde e educação“, afirmou Camila Lisboa, do Movimento Mulheres em Luta, ligado à CSP-Conlutas, e militante do PSTU, referindo-se às Jornadas de Junho. Camila denunciou a violência machista e lembrou da companheira Sandra Fernandes, ativista do MML e militante do PSTU morta a facadas junto a seu filho no dia 17 de fevereiro em Pernambuco. Sandra foi lembrada ainda nos adesivos e cartazes das ativistas do MML e do PSTU.

Além das críticas em relação aos gastos da Copa, o ato trouxe as reivindicações históricas do movimento feminista, como a luta contra a violência machista e o direito ao aborto. A heroica greve dos garis também foi lembrada em diversos cartazes de solidariedade. Felizmente, a chuva deu uma trégua e o sol abriu quando o ato saiu em passeata pela Avenida Paulista.

Palavras de ordem e paródias de músicas davam o tom bem-humorado do protesto, como o funk feminista: “O Estado é laico/ não pode ser machista/ O corpo é nosso/ não é da bancada moralista/As mulheres estão na rua por libertação/Lugar de estuprador não é na certidão” . Os gastos com a Copa também foram ironizados numa marchinha de carnaval.”Essa Copa pra quem é/ Não é pra mulher, não é pra mulher/ Não tem dinheiro para Saúde, não tem para Educação/Não tem dinheiro para Transporte/E para Fifa tem mais de um bilhão“, dizia a música no ritmo da marchinha Cabeleira do Zezé, revertendo o caráter homofóbico da canção num sentido feminista.

A passeata percorreu a Avenida Paulista e terminou na Praça Roosevelt, onde houve diversas falas das organizações e partidos envolvidos no ato. Ana Luiza Figueiredo falou em nome do PSTU, destacando o papel das mulheres nas principais lutas que ocorrem hoje no mundo. “Nós, mulheres trabalhadoras, estivemos à frente das revoluções do Norte da África, estamos na Síria, na Europa, e por toda a América Latina, onde trabalhadores e principalmente trabalhadoras se levantam contra a exploração e o capitalismo“, destacou a dirigente.

Ana Luiza também criticou a falta de políticas públicas às mulheres por parte do governo Dilma e do governo municipal de Fernando Haddad (PT), destacando ainda a repressão aos movimentos sociais e as leis anti-manifestação. “Nós, mulheres, trabalhadores e a juventude, não vamos sair das ruas, não adianta o AI-5 da Dilma ou a repressão de Alckmin, nós não vamos deixar as ruas“, disse.