Redação

Livre iniciativa para os banqueiros e patrões lucrarem, liberdade para o trabalhador morrer sem se aposentar

Em pleno 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez um pronunciamento relâmpago em rede nacional de rádio e televisão em que simplesmente ignorou o desemprego recorde revelado no dia anterior pelo IBGE e, mais ainda, defendeu mais “garantias de livre mercado”.

Bolsonaro referia-se à Medida Provisória da “Liberdade Econômica”, formulada e assinada a toque de caixa nesse dia 30 de abril a fim de tentar criar uma agenda positiva em meio ao desemprego galopante e o aumento da pobreza e miséria, além dos sucessivos cortes no orçamento, como os R$ 5 bilhões tirados da Educação.

Essa MP, entre outros pontos, extingue a necessidade de alvará para os pequenos negócios, como cabelereiro ou o pequeno comércio. Acaba ainda com restrição de horário de funcionamento, como o shoppings e hipermercados. E libera de forma automática o licenciamento para a construção civil caso o prazo legal se extinga. No Dia do Trabalhador, Bolsonaro anuncia um conjunto de factóides que, para o pequeno “empresário” nada muda, e beneficia só o patrão. “Não vamos deixar que qualquer autoridade restrinja o estabelecimento de preços“, disse ainda.

28 milhões sem trabalho, mais que uma Austrália
De acordo com a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgada pelo IBGE neste dia 30 de abril, o primeiro trimestre do ano fechou com o aumento do desemprego, que cravou 12,7%, ou 13,4 milhões de homens e mulheres sem trabalho.

Já a chamada “taxa de subutilização”, mais realista para dar conta do mercado de trabalho no país, foi recorde. Ela conta os desempregados (desocupados), os que trabalham menos de 40h semanais, mas que estavam disponíveis para trabalhar mais, e os chamados desalentados, aqueles que já desistiram de procurar trabalho. Segundo o levantamento, são 28 milhões de trabalhadores nessa situação, ou 25%, um recorde. Só o grupo de desalentados somam 4,8 milhões de pessoas.

Do último trimestre de 2018 ao primeiro deste ano, aumentou em 1,2 milhão o número de desempregados, um aumento de mais de 10%. Lembrando que, aqui, “desemprego”, ou “desocupação”, se refere ao trabalhador que não tinha trabalho, mas que procurou emprego nos 30 dias anteriores à pesquisa. Nenhum setor da economia empregou neste período. O setor público perdeu 332 mil empregos, metade de professores temporários. Na construção civil, 288 mil vagas foram extintas.

Reforma da Previdência vai aumentar o desemprego
O flagelo do desemprego mostra a farsa da reforma trabalhista, aprovada em 2017 com a promessa de gerar milhões de empregos, inclusive com o voto do então deputado Bolsonaro. Não só não gerou novos empregos, como aumentou a informalidade. Só para se ter uma ideia, em um ano aumentaram em 202 mil os trabalhadores de aplicativo. A mesmíssima promessa que fazem agora de forma descarada para aprovar a reforma da Previdência.

A “livre iniciativa” defendida por Bolsonaro é a destruição da Previdência pública, forçando os trabalhadores (aqueles que conseguirem) a migrarem para os planos de capitalização e previdência privada. Significa mais liberdade para os banqueiros lucrarem, inclusive com o pagamento da “dívida”, enquanto para o conjunto da classe trabalhadora e a população, restará apenas a liberdade de morrer trabalhando, sem conseguir ao menos se aposentar.