No dia 24 de janeiro, comemora-se o Dia Nacional do Aposentado. Entretanto, os aposentados brasileiros pouco ou nada têm a comemorar.Existe em vigor no Brasil um “Estatuto do Idoso” que nunca saiu do papel. Nas filas do serviço público de saúde, os idosos são os que mais sofrem em esperas intermináveis. Em muitos lugares, o direito ao transporte gratuito ainda é negado pela simples recusa dos empresários e nada acontece.

Para piorar a situação, faltando dois dias para o Dia do Aposentado, o governo Lula anunciou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em que dá início à formulação da nova reforma da Previdência. Lula, que chegou a declarar demagogicamente que não haveria tal reforma, articula um fórum composto por representantes do governo, empresários e as cúpulas das centrais sindicais, para elaborar a reforma num prazo de seis meses.

Entre as possíveis mudanças previstas pela reforma estão o aumento da idade mínima para aposentadoria, o fim do piso para o valor dos benefícios – hoje estabelecido em um salário mínimo – e o estabelecimento de um teto.

A realidade mostra que a maioria daqueles que trabalharam duro ao longo de décadas seguem trabalhando nos famosos “bicos” para complementar a aposentadoria de fome que hoje recebem. Os salários dos aposentados chegam a ter uma defasagem de mais de 70% atualmente.

Os reajustes dos benefícios foram desvinculados do salário mínimo em 1991 por Fernando Collor, e nenhum outro governo foi capaz de anular essa medida. “As nossas perdas já ultrapassam os 70%, fruto dessa desvinculação aprovada no governo Collor, em 1991, e seguida pelos outros presidentes”, informou o presidente da Associação Democrática dos Metalúrgicos Aposentados e Pensionistas de São José dos Campos, SP (Admap), Josias de Oliveira Melo. Com uma nova reforma da Previdência que, pela lógica do governo, visa a reduzir gastos, pode-se esperar perdas ainda maiores.

Atividades de protesto acontecerão em vários locais. Em São Paulo, no dia 24, a partir das 10h, aposentados do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo realizarão um ato em frente à agência do INSS da rua Xavier de Toledo, próximo ao metrô Anhagabaú. No domingo, 28, a manifestação acontece em Aparecida.