Um ano de luto. Um ano de luta!O dia 6 de abril de 2011 entrou para a história da cidade de Niterói, antiga capital do Rio de Janeiro. Completou-se um ano da tragédia no Morro do Bumba, onde um deslizamento vitimou mais de 40 pessoas durante as chuvas que ainda deixaram mais de 200 mortos em todo o estado. O dia foi marcado por manifestações contra a privatização da Clin (Companhia de Limpeza Urbana de Niterói) e em apoio à paralisação de 24 horas dos profissionais de educação da rede municipal.

Desde as 6h da manhã, vários manifestantes da oposição sindical do Sintacluns (Sindicato dos Trabalhadores em Asseio e Conservação de Niterói e São Gonçalo), da CSP-Conlutas, da ANEL e do Sepe-Niterói foram para a porta da sede da Clin denunciar a abertura oficial do processo de privatização da empresa e alertar os trabalhadores para o perigo de demissão.

À tarde, em frente à Prefeitura Velha, foi a vez de os profissionais de educação da rede municipal, organizados pelo Sepe, realizarem um ato seguido de assembleia para reivindicar melhores condições de trabalho e reajuste salarial. Após, os educadores ficaram no local esperando a chegada dos desabrigados do Bumba e de outras comunidades da cidade que iriam protestar contra o criminoso descaso do prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT).

Da tragédia ao descaso
Os desabrigados que chegavam das várias comunidades, sendo a maioria crianças, carregando faixas, rapidamente lotaram a praça da Prefeitura Velha. Era visível, no rosto das pessoas, as marcas de sofrimento e revolta pela difícil situação que estão vivendo, pois mesmo tendo passado 12 meses da tragédia muitos ainda encontram dificuldades para receber o dinheiro do aluguel social disponibilizado pelos governos estadual e federal, mas que não é repassado regularmente pela prefeitura. Para piorar, centenas de famílias ainda não conseguiram receber nenhum tipo de auxílio material ou financeiro, dependendo da solidariedade amigos e parentes.

Os cerca de 300 manifestantes, apoiados por representantes de diversas entidades, partidos de esquerda e movimentos (como a CSP-Conlutas, Anel, Sepe-Niterói, Sintuff, Aduff, DCE-UFF, PSTU e PSOL) se dirigiram à Câmara Municipal, onde, à noite, se realizaria uma audiência pública sobre a questão dos desabrigados. Depois, foram para a sede da Prefeitura Nova onde foi celebrado um ato ecumênico em memória das vítimas.

Após o ato ecumênico, ocorreram as falações dos representantes das entidades e partidos. O presidente do PSTU de Niterói, Heitor Fernandes, lembrou dos 13 militantes presos durante a visita de Obama ao Brasil e declarou que é assim “nas ruas, em cada bairro, em cada escola, em cada fábrica que conquistaremos nossas vitórias pois só a luta muda a vida”.

Ao final, a coordenadora do Sepe e ativista da Conlutas, Renata Correa, reafirmou o caráter histórico adquirido pela data. “Agora precisamos dar continuidade à luta dos desabrigados, pela educação pública e contra as privatizações com a construção do Dia Nacional de lutas em 28 de abril”, disse.