Categorias em luta unificaram reivindicações com o “Fora Sarney”, a denúncia da gripe suína e o caos na saúdeA realização em todo o país das mobilizações do dia nacional de lutas e paralisações, convocado pelas centrais sindicais e os principais movimentos sociais do país, serviu para fortalecer as lutas dos trabalhadores. Especialmente as campanhas salariais que começam no segundo semestre.

Um fato unia todas as mobilizações. A combinação da indignação mais geral de um importante setor da classe trabalhadora com os efeitos da crise econômica e a forte presença dos setores em luta e que iniciam suas campanhas salariais, como metalúrgicos, petroleiros, bancários, trabalhadores dos Correios e o funcionalismo público.

Outro destaque das manifestações foi a presença do movimento popular. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) realizou ações em várias cidades do país e, além do Pinheirinho, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em São Paulo, realizou vários bloqueios de estradas e marcou forte presença no ato da capital.

A juventude também participou, com destaque para as colunas da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel) nos atos das principais cidades do país, chamando o Fora Sarney.

Governistas fazem corpo mole
A Conlutas teve um papel de destaque em todas as mobilizações e paralisações que ocorreram na base dessas categorias e também nos atos unificados nos centros das principais cidades do país.

Infelizmente, a CUT, a Força Sindical, a CTB e demais centrais sindicais governistas limitaram o dia 14 a um ato centralizado em São Paulo. O resultado foi uma pequena presença dessas centrais nos protestos das outras cidades.

Mesmo em São Paulo, não realizaram nenhuma mobilização importante nas bases onde dirigem sindicatos e deslocaram para a manifestação unificada basicamente os diretores dos sindicatos ligados a eles. Em São Bernardo do Campo (SP), por exemplo, apesar das demissões na Scania e na Mercedes, o sindicato dos metalúrgicos local, ligado à CUT, nada fez.

Isso, porém, tem explicação. Esses setores não querem realizar uma grande manifestação que ameace sua parceria com o governo Lula e seus aliados nos estados e municípios, e seus acordos com setores da patronal. Dizem que querem mobilizar, mas só fazem atos de rua com a presença de seus militantes para proteger o governo, como fica evidente na defesa da manutenção de Sarney na presidência do Senado.

Felizmente a Conlutas, junto com outros setores como a Intersindical, o MTST, a Anel, entre outras entidades, esteve empenhada no dia nacional de luta. A entidade mobilizou suas bases para fortalecer as lutas dos trabalhadores e levar esse movimento a questionar não só os patrões, mas também o governo Lula, que continua ajudando com bilhões de reais e isenções fiscais os grandes empresários. Enquanto isso, os trabalhadores e o povo pobre amargam demissão, arrocho salarial e aumento da miséria.

Por um dia nacional de paralisações
O PSTU apoia o chamado da Conlutas às demais centrais para a organização de um novo dia nacional de lutas, como continuidade dos protestos do dia 14. Essa nova data deve estar voltada centralmente para paralisar as categorias que estão em mobilização e campanhas salariais.

O dia 14 demonstrou que existe disposição entre os trabalhadores para que seja realmente realizado esse dia de paralisação das categorias em campanhas salariais. Para isso, basta haver empenho das principais direções do movimento sindical brasileiro. Mas, infelizmente, o que vimos até agora é que a parceria desenvolvida com o governo Lula impede que esses setores apostem de fato na mobilização.

As direções da CUT, Força Sindical, CTB e demais centrais sindicais devem romper seus acordos com o governo Lula e apostar na mobilização dos trabalhadores.
Precisamos organizar desde já comandos de mobilização unificados dessas categorias nos estados e regiões. Assim, as ações das campanhas salariais podem ser coordenadas desde já. Só a mobilização independente e unificada poderá forçar os patrões e os governos a atenderem as nossas reivindicações salariais e garantir nossos direitos.

Da mesma forma, é preciso apoiar as manifestações que ocorreram em todo o país – principalmente as dos estudantes organizados na Anel – pelo Fora Sarney, fim do Senado, por uma câmara única com mandatos revogáveis e pela prisão e confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores.

Não vamos deixar nas mãos dos partidos da direita, como PSDB, PPS e DEM, a luta contra a corrupção. Afinal, eles são tão corruptos como o atual governo e a sua base parlamentar no Congresso Nacional.

Post author Atnágoras Lopes, da Secretaria Executiva da Conlutas
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