Como em Salvador os estudantes recifenses ensinam que a aula é na rua e o dia 10 é dia nacional de luta pelo Passe-Livre.

Por volta das 10h, mais de 200 alunos das duas maiores escolas estaduais (Brigadeiro e Santos Dumont) do bairro de Boa Viagem, zona sul do Recife (PE), se concentraram na frente das escolas, ocupando logo em seguida uma importante avenida, a Barão de Souza Leão. Lá permaneceram por duas horas, parando o trânsito. Este foi o lançamento da Campanha pelo Passe Livre no estado, atos como esse ocorreram simultaneamente em vários estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Belém, etc) do país neste dia 10.

Os estudantes, eufóricos e bastante radicalizados, fizeram piquetes e chamaram várias palavras-de-ordem tipo “se a prefeitura é popular, passe livre já”, “a prefeitura é pra agir passe livre sim” e cantaram músicas pelo passe livre “o dinheiro do meu pai não é capim, eu quero passe livre sim” e “eu pulo a catraca sim, eu pulo, eu pulo, a catraca sim”.

No ato a companheira Celina, diretora pela oposição na UMES e integrante do Movimento Ruptura Socialista (MRS), fez uma intervenção colocando que a situação de miséria e desemprego é fruto da política econômica do governo Lula, que prefere pagar os juros da dívida e fazer acordo com o FMI do que investir em transporte público e educação para todos, e que é a juventude que mais sofre com esta situação toda, onde só as grandes empresas de ônibus são os reais beneficiados com a política do governo e das prefeituras. As atividades nas escolas já vinham desde a quinta-feira (9/10), onde foi realizada uma plenária do passe livre com aproximadamente 70 alunos, onde foi discutido o projeto de lei e a necessidade desta luta ser abraçada por todos, ficando claro para os presentes que o passe livre é um direito que deve ser pago pelos lucros das empresas de transporte e só com muita luta conseguiremos isso.

Com relação ao calendário de atividades para o mês de outubro foi tirada uma proposta de data que será discutida no Comando de Mobilização pelo Passe Livre, a idéia é fazer uma grande passeata em direção a Av. Domingos Ferreira, um dos principais corredores viários da cidade, envolvendo outras escolas (particulares e publicas) do bairro, por que as mobilizações não podem parar, como querem as principais entidades secundaristas de Pernambuco. Logo após o ato formou-se um Comitê pelo Passe Livre nas duas escolas, com o objetivo de continuar as lutas e atividades na escola, explicando para os outros estudantes o Projeto de Lei pelo Passe Livre, que recolheu na ocasião mais 351 assinaturas.

Apesar da intimidação da polícia e da proibição da diretora em liberar os alunos para o ato, não houve nenhum incidente violento, o único fato lamentável que ocorreu no ato foi o boicote da imprensa que não deu nenhuma importância às mobilizações e esta importante luta dos estudantes.